BE denuncia flagelo da violência doméstica e a falta de respostas do Governo

A cabeça de lista do Bloco de Esquerda às eleições legislativas pelo Círculo Eleitoral dos Açores chamou a atenção para a discriminação e a opressão de que são alvo as mulheres em Portugal no que diz respeito ao trabalho e à política, e denunciou o flagelo da violência doméstica e a falta de respostas por parte do Governo.

 

 

Zuraida Soares considerou inaceitável que existam ainda inúmeras localidades em Portugal que não dispõem de qualquer mecanismo ou instituição de apoio às vítimas de violência doméstica – como é o caso da ilha de São Jorge, onde decorreu a conferência de imprensa em que foi abordada esta questão, esta tarde – e propôs a criação de uma quota municipal de habitações que estejam preparadas para receber, 24 horas por dia, mulheres que sejam obrigadas a abandonar o seu lar devido a agressão por parte do companheiro.

 

Além disso, a candidata considerou necessária a implementação de medidas de emergência de apoio às vítimas, a nível jurídico, psicológico, moral e social. “Se por um lado, foram recentemente tomadas algumas boas medidas neste sentido, por outro, pelo menos uma delas é incompreensível e mesmo caricata: a possibilidade de se colocar a pulseira electrónica num agressor, no sentido de impedir que se aproxime da sua vítima, depende do seu consentimento. É o mesmo que perguntar a um ladrão se consente ser preso”, denunciou Zuraida Soares.

 

 

Recorde-se que a violência doméstica continua a ser a maior causa de morte e invalidez das mulheres entre os 16 e os 44, e que, só em 2008, morreram nas mãos dos maridos, dos companheiros ou namorados, 47 mulheres em Portugal, 6 delas nos Açores.

 

Recordando que as mulheres são mais de metade da população portuguesa, a cabeça de lista do BE à Assembleia da República denunciou ainda discriminação de que são alvo no trabalho: “as mulheres são as primeiras a sentir os efeitos do desemprego, da precaridade no trabalho e, em pleno século XXI, continua a fazer sentido o antigo slogan de reivindicação “para trabalho igual, salário igual”.

 

“No que diz respeito à política, embora sejam mais de metade da população, as mulheres são menos representadas e têm, portanto, menos voz”, disse Zuraida Soares, considerando as quotas para as listas dos partidos, um mal menor, mas longe de ser uma situação digna, que deveria ocorrer naturalmente.

 

 “A recente despenalização do aborto foi uma vitória, mas há ainda um longo caminho a percorrer”, concluiu a candidata do Bloco de Esquerda.

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