“Defendemos que qualquer alteração ao quadro autárquico vigente nos Açores terá que ser feita em verdadeiro diálogo com as populações, através de reuniões, assembleias, plenários e também utilizando um meio de auscultação profundamente democrático, como é o caso do referendo local”, afirmou a coordenadora regional do BE, Zuraida Soares.
Numa conferência de imprensa em Ponta Delgada, Zuraida Soares sustentou que o BE “não está por principio contra uma reorganização do mapa territorial”, mas exigiu “coerência e respeito por princípios democráticos”, opondo-se “frontalmente à assumpção dos princípios economicistas que subjazem ao Documento Verde na Região Autónoma dos Açores”.
“Os critérios numéricos – sejam eles o número de habitantes, a área ou as distâncias – não colhem o nosso acordo porque, nesta matéria, como em tantas outras do nosso dia-a-dia, valores mais altos se levantam: as pessoas”, frisou.
Zuraida Soares salientou que “o governo estava obrigado a começar sem mais delongas pela redução significativa do atual número de entidades que compõem o setor empresarial local e, em vez disso, desdizendo-se a si próprio, limita-se para já a suspender a criação de novas empresas, reservando-se ainda assim o direito de subverter esta suspensão”.
Para a líder regional do BE, “as empresas municipais são, na sua grande maioria, buracos sem fundo, onde se desbaratam os dinheiros públicos, locais de acolhimento e recompensa de ‘boys and girls’, pretextos para grandes negociatas e desorçamentações”.
Segundo Zuraida Soares, nos Açores, “muitas destas empresas são instrumentos eleitorais fora do controlo das assembleias municipais, dando-se ao luxo de fazer concorrência e de se sobreporem às competências das próprias autarquias”.