A nova fábrica apresenta um potencial de produção de 12 mil toneladas de queijo e transformar 120 milhões de litros de leite, num investimento de 32 milhões de euros, onde foram aplicados 13,5 milhões de euros de apoios públicos, na maior fábrica de produção de queijo de Portugal.
O presidente do conselho de administração da BEL, Robert Schlingensiepen, durante a cerimónia de inauguração da fábrica afirmou que “este investimento representa uma grande aposta no futuro, devido ao actual período difícil, onde ninguém escapa às suas consequências”.
No entanto, segundo acrescentou o administrador “não é feita uma aposta cega no futuro, esperando apenas melhores dias, porque é uma aposta nos Açores como local de produção”, explicou.
Robert Schlingensiepen considera que o actual ciclo de descida no preço do leite “não poderá perdurar. A questão é saber durante quanto tempo vai existir este ciclo? Mas, para isso, não tenho resposta”.
Após a cerimónia de inauguração, Robert Schlingensiepen, explicou que actualmente o mercado do leite em Portugal está a verificar a entrada de “produtos estrangeiros de mercados muito maiores”, que estão a provocar a diminuição do preço à produção.
O administrador da Bel acrescentou que actualmente “o preço pago aos produtores de leite dos Açores é superior ao valor pago na Holanda, Alemanha e França”, admitindo a “existência de um esforço para garantir o melhor equilíbrio possível”.
A administração da Bel salienta que perante a actual situação do mercado do leite na Europa não está “excluído o cenário de novas descidas à produção”.
Governo pede transparência
O secretário regional da Agricultura e Florestas apelou, sexta-feira, a todos os intervenientes no sector agro-pecuário para “pugnarem pela verdade e transparência que não se deve limitar apenas a um dos segmentos da cadeia de valor do leite mas sim verificar-se entre todos, a montante e a jusante, para que todos percebam dificuldades e sucessos do sector”.
Noé Rodrigues que presidiu, em representação do presidente do Governo, à inauguração de uma nova unidade industrial da empresa Bel, destacou ainda a necessidade de olhar para o futuro do sector com “confiança, rigor empreendedor, gestão cuidada, a busca permanente da qualidade, a organização e o investimento público”, essenciais para a realização de um trabalho profícuo e produtivo.
Noé Rodrigues reforçou novamente, a necessidade de ser mantido o regime de quotas leiteiras “para proteger o muito investimento que temos feito no sector e o conhecimento e saber laborioso dos nossos produtores”.
Para contribuir para a recuperação dos mercados, o governante sublinhou a necessidade da realização de mais acções de divulgação e promoção dos produtos lácteos açorianos em simultâneo com a verificação das melhores práticas éticas e legais da distribuição.
Finalmente, elogiou a aposta nas marcas próprias que este investimento da Bel também representa e que “não deve deixar de merecer protecção salvaguardando-se, também por aqui, o justo equilíbrio entre todos os agentes da cadeia de valor”.
Luís Pedro Silva (in AO)
