Berta Cabral sustentou que “este [ainda] não é o tempo certo e o espaço próprio para apresentar” estratégias mas sublinhou que, “como a própria realidade evidencia, não faltam razões objetivas para acertar o passo e mudar de rumo”. Num discurso de quinze páginas que levou mais cerca de 45 minutos a ler, a líder social-democrata açoriana, fez uma viagem critica ao universo da governação socialista regional para afirmar que “o PS/Açores está em fim de ciclo”. “Os resultados eleitorais nacionais não são as primárias das eleições regionais mas foram a prova de que o PS nos Açores já não é o que era e serão o prenúncio de que este presidente do governo [Carlos César] já deu o que tinha a dar”. Berta Cabral desfiou um alargado leque de números e situações críticas da região, como a dívida pública regional que, disse, “ascende a cerca de 2.500 milhões de euros no corrente ano, cinquenta vezes mais que os 50 milhões de 1998”. Quanto ao desemprego, revelado como “o maior de sempre nas ilhas, situa-se nos 9,5 por cento com 11.334 desempregados”, além do ”desemprego mascarado com mais de 3 mil desempregados em programas de formação”. A presidente do PSD/Açores afirma que na região “vivem mais de 30 mil famílias a viver com menos de 450 euros por mês” e que na construção civil “o governo socialista pôs as empresas regionais a pão e água ao adjudicar a construção e manutenção da rede de estradas da ilha de São Miguel a um consórcio de empresas externo à região”. Berta Cabral apontou o setor do turismo como “estando de mal a pior”, argumentando que “as dormidas desceram na região enquanto subiram no continente e na Madeira”, e criticou os preços das passagens aéreas, “prometidas a 100 euros”, mas que custam “a módica quantia de 373 euros entre os Açores e o continente português”. De acordo com Berta Cabral “a gestão regional do turismo é exercida com incompetência do secretário regional [Vasco Cordeiro] e das inverdades do presidente do governo regional [Carlos César]”. Concluiu que “os Açores não estão a ser bem governados”, argumentando que “receberam mais dinheiro [de fundos europeus] entre 1994 e 2006, 7.616 euros per capita, mais 2300 que a Madeira e mais do dobro que qualquer outra região ultraperiférica e cresceram menos”. “Enquanto a Madeira e as Canárias se aproximaram, segundo o Eurostat, do nível médio de rendimento da União Europeia, com 96,3 e 92,8 por cento, respetivamente, os Açores partiram de uma base semelhante e situam-se apenas nos 67,6 por cento”, acrescentou. Berta Cabral revelou que tem “a determinação de defender a autonomia acima dos interesses partidários, a preocupação com o desenvolvimento integral das ilhas num plano regional e a opção de apostar num desenvolvimento sustentável com respostas locais”.
