“A minha relação com o PSD nacional é um assunto que apenas diz respeito ao PSD/Açores e ao PSD nacional. Carlos César que se preocupe em resolver os problemas do seu partido, que são muitos, nomeadamente a dissidência de alguns deputados nacionais. De resto, que se meta na sua vida”. As palavras são da nova líder do PSD/Açores, Berta Cabral, em resposta ao presidente do Governo Regional, Carlos César, que a acusou não ter peso junto da estrutura nacional do PSD, referindo-se ao anúncio da abstenção social-democrata na terceira votação do Estatuto dos Açores, sexta-feira.
Ainda no que diz respeito à “relação” que tem com o PSD nacional, Berta Cabral garante, em declarações a DI, que esta é boa, mas que na altura de escolher entre os interesses partidários e a Região, não tem dúvidas: “Ao contrário do que disse Carlos César, penso que a minha liderança começou com o pé direito. Demonstrámos que, independentemente da posição do partido a nível nacional, pensamos pela nossa própria cabeça e tomamos as nossas próprias acções. E os interesses dos Açores estão sempre primeiro”.
Apesar de lamentar a abstenção do PSD nacional, Berta Cabral lembra que os dois deputados eleitos pela Região, Mota Amaral e Joaquim Ponte, votarão, mesmo assim, a favor do Estatuto.
Para a nova líder social-democrata, “a questão do Estatuto dos Açores já se transformou numa guerra institucional, que envolve o PS, o primeiro-ministro e o presidente da República”, sendo que gostaria de ter visto o PSD nacional votar a favor, mas acredita que a abstenção transmite alguma compreensão para com o diploma tal como está formulado.
Recorde-se que César já começou a apontar baterias a Berta Cabral, afirmando que esta “não tem influência” junto do partido. “Afinal tantas palavras, tanta pompa, tanto espalhafato e a líder do PSD/Açores não teve influência nenhuma no partido a nível nacional”, lançou César.
“Desde o tempo do Dr. Mota Amaral que o PSD/Açores perdeu capacidade de influência junto do partido a nível nacional”, criticou, ainda.
O líder do grupo parlamentar do PSD anunciou ontem que a bancada laranja vai abster-se na votação do Estatuto dos Açores, mas que os deputados eleitos pelas Regiões Autónomas estão dispensados da disciplina de voto. Paulo Rangel justificou a escolha como forma de o PSD se distanciar da “guerrilha institucional” em torno do Estatuto dos Açores.
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