O Boko Haram atacou um campo de refugiados no nordeste da Nigéria, dias depois de a força aérea nigeriana ter bombardeado o mesmo campo por engano, num incidente que pode ter feito cerca de 170 mortos, segundo testemunhas.
Mais de 100 elementos do grupo extremista islâmico lançaram um ataque na noite de quinta-feira ao campo de refugiados, encontrando a resistência do exército nigeriano no terreno, de acordo com testemunhas à agência Associated Press.
Uma testemunha disse que oito combatentes do Boko Haram morreram e um soldado foi ferido, mas outras fontes disseram que o número de vítimas ainda estava a ser determinado.
Na passada terça-feira, a força aérea nigeriana bombardeou por diversas vezes o campo que acolhe precisamente população fugida ao Boko Haram, localizado numa zona remota, em Rann, estado de Borno, junto à fronteira com os Camarões.
As autoridades nigerianas reconheceram, numa rara admissão, que a força aérea cometeu um erro.
Uma equipa dos Médicos Sem Fronteiras fez hoje saber que “cerca de 90 pessoas” foram mortas nos bombardeamentos da força aérea, mas sublinharam que os residentes e líderes das comunidades apontam para um número de mortes em torno das 170.
Imagens de satélite confirmam que o campo foi atacado com “várias bombas aéreas”, ainda que as tendas devessem ser facilmente visíveis, indicou na quinta-feira a organização não-governamental Human Rights Watch.
As autoridades nigerianas anunciaram a criação de uma comissão de inquérito que irá investigar as circunstâncias em que foi levada a cabo a operação.
O ataque do Boko Haram na quinta-feira acorreu quando as organizações de ajuda humanitária estavam a tentar socorrer as vítimas dos bombardeamentos.
A Cruz Vermelha Internacional fez saber que retirou do campo de Rann para a cidade de Maiduguri cerca de 90 pessoas para tratamentos médicos.
O ataque do Boko Haram “aconteceu apenas uma hora depois de um helicóptero (dos Médicos Sem Fronteiras) ter levantado do campo e teve um efeito traumático em toda a gente em Rann”, disse à AP um dos trabalhadores do campo.
Lusa