O presidente do Governo dos Açores anunciou hoje a intenção de reforçar as “capacidades financeiras” da Saúde no Orçamento Regional e defendeu que o Estado central deve assumir um compromisso com o “sobrecusto” do setor na região.
José Manuel Bolieiro não escondeu a situação deste setor nos Açores, “fruto do legado de défice de financiamento da saúde, que se acumula”, que “tem dívidas a fornecedores”, a par da “necessidade de melhor e mais apertada gestão do controlo da despesa”.
O líder do executivo açoriano esteve hoje no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, onde constatou a realização das primeiras vitrectomias na região, que até agora obrigavam a deslocação de doentes ao continente.
Bolieiro, em declarações aos jornalistas, considerou ser necessário “fazer um esforço para se melhorar e aproximar em termos financeiros as necessidades de financiamento” do Serviço Regional de Saúde (SRS)”.
A par deste esforço, o líder do executivo açoriano quer um “compromisso do Estado com o sobrecusto da saúde que se presta nos Açores, que é diferente devido à descontinuidade territorial e dimensão” da região.
“O Estado não pode desresponsabilizar-se porque somos um Estado de uma cidadania única. O direito aos cuidados de saúde é universal e deve ser preferencialmente padronizado de acordo com a lógica europeia e comunitária” em que os Açores se integram, declarou o chefe do executivo açoriano.
Bolieiro frisou que o Governo dos Açores “está a fazer um esforço para já no Orçamento deste ano potenciar um aumento” de verbas e “reforçar as capacidades financeiras do SRS”.
Mónica Seidi, secretária regional da Saúde, que acompanhou o presidente do Governo na sua visita ao Hospital do Divino Espírito Santo, declarou que em 2023 “foi o ano em que a produção cirúrgica foi a maior dos Açores”, mas ressalvou, “com um sentimento agridoce, que as listas de espera cirúrgica têm vindo a aumentar”.
A titular da pasta da Saúde, que esteve reunida sexta-feira com diretores clínicos e responsáveis pelos hospitais dos Açores, visando encontrar soluções para combater este fenómeno, ressalvou que se tem “batido recordes de produtividade da atividade essencial de consultas externas e da realização de exames complementares de diagnóstico”.
Mónica Seidi quer avaliar a “complexidade e a severidade das próprias cirurgias porque têm obviamente um impacto indireto na ocupação e reorganização dos blocos operatórios”.
“Se estamos a operar doentes com maior complexidade, obviamente a disponibilidade das salas vai diminuir”, declarou a governante, que pediu aos hospitais um levantamento das cirurgias efetuadas e do GTH (Gestão do Talento Humano) associado ao grau de severidade”.
Os responsáveis dos serviços hospitalares transmitiram à titular da pasta da Saúde necessidades de recursos humanos, uma vez que “há áreas que estão carenciadas”, o que “tem obviamente influência”.
Lusa