“Neste valor (30 milhões de euros) não estão incluídas eventuais dívidas das empresas municipais, que ainda não apresentaram contas, mas, se tiverem dívidas, isso agrava a situação e acentua a necessidade de poupar, poupar, poupar e não investir”, afirmou o autarca socialista deste concelho de S. Miguel, Açores. Carlos Ávila, que assumiu a liderança do município nas autárquicas de outubro de 2009, garantiu, no entanto, que, “apesar do enorme problema” financeiro que afeta a Câmara da Povoação, não está a pensar demitir-se do cargo, frisando que pretende manter-se em funções “para resolver o pagamento da dívida”. No sentido de atenuar qualquer gasto que impossibilite a amortização da dívida, decidiu que “este ano não haverá qualquer investimento público municipal”, medida que admitiu que se poderá “prolongar para o próximo ano”.
O autarca revelou que vai cortar em 50 por cento as despesas do seu gabinete, tendo pedido um esforço de contenção “a todos os sectores e funcionários da autarquia”, anunciando ainda a suspensão de iniciativas como o Festival do Cozido nas Furnas, a Semana do Chicharro ou o Festival da Povoação. A meta de Carlos Ávila é reduzir, até ao final do ano, a dívida da autarquia em 20 por cento, revelando que as medidas de contenção de despesas, apresentadas aos funcionários municipais na sexta feira, entram em vigor na segunda feira.
O socialista Carlos Ávila conquistou a Câmara da Povoação ao social-democrata Francisco Álvares nas autárquicas de outubro de 2009, na sequência de uma campanha eleitoral dominada pela situação financeira da autarquia. Poucos antes das eleições, a Câmara da Povoação declarou-se incapaz de sanear as finanças municipais ao abrigo da Lei de Finanças Locais, tendo o Governo da República aprovado um empréstimo de 15 milhões de euros para liquidar as dívidas num prazo de 20 anos. Ao abrigo da legislação, depois das autarquias declararem a situação de desequilíbrio financeiro estrutural, o Estado valida um empréstimo numa instituição financeira, mas passa a deter o controlo das finanças municipais, para assegurar o seu reequilíbrio.
A declaração da Câmara da Povoação nas vésperas das autárquicas foi fortemente contestada por Carlos Ávila, que, na primeira reunião do seu executivo municipal, suspendeu o processo de reequilíbrio financeiro.