A Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH), nos Açores, vai assumir a gestão do projeto Terceira Tech Island, lançado pelo anterior executivo açoriano, em 2017, tornando-o mais abrangente, revelou hoje o seu presidente, Marcos Couto.
“O Terceira Tech Island é um projeto que precisava efetivamente de uma nova roupagem. Entendeu a vice-presidência e a Secretaria das Finanças que a câmara de comércio seria a entidade ideal para dinamizar este projeto, uma vez que, da forma como estava, não estava a responder às necessidades da ilha”, adiantou, em declarações à Lusa, o presidente da associação empresarial das ilhas Terceira, São Jorge e Graciosa.
Marcos Couto falava, em Lisboa, à margem de uma apresentação na 3.ª Transatlantic Business Summit, organizada pela AM Cham, onde referiu o Terceira Tech Island como um dos projetos com potencial de investimento na ilha.
Lançado em 2017 pelo executivo regional do PS com o objetivo de mitigar o impacto da redução militar norte-americana na base das Lajes, que eliminou cerca de 400 postos de trabalho, o projeto Terceira Tech Island visava a criação de um polo de empresas tecnológicas na ilha.
O Governo Regional assegurava o pagamento de formação de curta duração em programação e o custo das rendas dos espaços onde se instalavam as empresas, estando prevista a recuperação do edifício onde funcionava a escola da Força Aérea norte-americana na base das Lajes para esse efeito no futuro.
Entre 2018 e 2020, instalaram-se na Praia da Vitória mais de 20 empresas da área digital, que criaram cerca de 170 empregos, mas, em maio de 2023, existiam apenas 13 e o PS tem vindo a acusar o atual executivo (PSD/CDS-PP/PPM), que tomou posse em novembro de 2020, de ter abandonado o projeto.
Para Marcos Couto, o Terceira Tech Island é um “bom projeto”, mas necessita de uma “nova dinâmica”, que não passa apenas pela formação e pela atração de empresas de programação.
“Vamos contar com novos recursos humanos e ampliar muito mais a área do Terceira Tech Island do que propriamente só a formação. O Terceira Tech Island tem de ter um papel importantíssimo na captação dos nómadas digitais, na logística internacional de patentes, na ‘silver economy’ [atividades económicas para pessoas com mais de 50 anos], na formação de uma ‘business school’, em parceria com outras entidades”, salientou.
A programação continuará a ter “um papel importantíssimo”, mas a associação empresarial pretende alargar a área de intervenção e implementar um “novo modelo”, que ainda terá de ser articulado com o Governo Regional.
O projeto de câmara de comércio passa também pelo aproveitamento das instalações deixadas livres pela Força Aérea norte-americana nas imediações da base das Lajes, não apenas para instalar empresas, como previsto anteriormente, mas também uma escola de negócios.
“Os edifícios são enormes, a começar pela escola americana, o que dá uma enorme possibilidade de açambarcarmos uma grande quantidade de projetos, nas mais variadas áreas, tenhamos nós a capacidade de colocar isso em andamento. Parece-me claramente que não houve essa capacidade até agora”, apontou.
Questionado sobre as garantias de apoio ao projeto por parte do executivo açoriano, Marcos Couto disse que é preciso “começar a pensar em arranjar outras fontes de financiamento”.
“O Governo Regional não pode ser eternamente quem suporta tudo isto. Terá de ter a sua percentagem, mas não pode ser exclusivamente o Governo Regional. É um desafio muito grande que temos, sem dúvida alguma”, referiu.
Num encontro que pretende promover as relações comerciais e económicas entre Portugal e os Estados Unidos, o presidente da CCAH defendeu que “os Açores têm passado sempre muito ao lado dessa relação, fruto de uma política extremamente fechada”.
“Temos de mudar essa perspetiva, temos de ser mais inclusivos, temos de perceber definitivamente que somos Portugal”, vincou.
Lusa