O presidente da Câmara do Comércio e Indústria dos Açores (CCIA), Mário Fortuna, defendeu hoje a necessidade de separar as questões comerciais das sociais no modelo de transporte aéreo do arquipélago.
“As questões sociais não podem ser excluídas, mas não podem ofuscar a parte comercial”, disse Mário Fortuna em declarações aos jornalistas, no final de um seminário sobre o impacto das ‘low cost’ no desenvolvimento do turismo, na Universidade dos Açores.
O responsável pela CCIA sustenta que o atual modelo de transporte aéreo existente entre os Açores e o continente “faz isso (ofusca)”, uma vez que “bloqueia” a parte comercial, “restringindo” o livre acesso ao mercado por parte dos operadores.
“Isto não quer dizer que todos os intervenientes (operadoras aéreas) vão querer ir para todas as ilhas onde existem ‘gateways’. Há aqui um percurso de escala que naturalmente pode degradar um pouco o mercado da SATA, que não vai desaparecer, naturalmente, mas também temos de pensar na contrapartida que as ‘low cost’ nos dão no acesso a outros mercados em que, noutras circunstâncias, temos enormes dificuldades em entrar”, disse Mário Fortuna.
O economista e professor universitário apontou o exemplo da Easyjet, citado no seminário sobre o impacto das ‘low cost’ no desenvolvimento do turismo, referindo que a companhia constitui um “ícone” na Inglaterra para “quem quer viajar”.
“Para convencermos os ingleses a viajar na SATA temos de fazer um esforço bastante grande. Acontece o mesmo fenómeno na Alemanha, onde a Air Berlim consegue resultados bastante bons, porque há alguma afinidade entre a companhia e a população alvo que nós queremos atrair”, referiu.
Mário Fortuna vê como um “cenário possível” – que não deve “ser excluído” nem que seja numa perspetiva “experimental”, numa primeira fase – um modelo misto de transporte aéreo em que haveria uma rota liberalizada (Ponta Delgada) e as restantes se manteriam em regime de serviço público.
“É um cenário que deve ser considerado. O que existe é que não é bom, não serve aos Açores. Mesmo que consigamos passagens mais baixas para os residentes, fica a faltar sempre a outra parte, a economia”, disse.
Lusa