Cancro da próstata atinge 30 por cento dos açorianos

hospitalNa Semana Europeia das Doenças da Próstata, o urologista Fragoso Rebimbas explica que têm sido detectados em fase inicial um maior número de tumores, o que aumenta a probabilidade de cura. Novas terapias vão entretanto surgindo.

 

 

 

Trinta por cento da população masculina dos Açores padece de cancro da próstata, à semelhança do que acontece a nível nacional.

 

Entre 2000 e 2002, o registo oncológico regional (os últimos dados conhecidos) revela que surgiram 278 novos casos. No país, a mortalidade é de 1800 homens por ano.

Esta semana está a decorrer a Semana Europeia das Doenças da Próstata.

 

 

O urologista Fragoso Rebimbas, do Hospital de Ponta Delgada refere que a incidência do cancro da próstata tem vindo a ser semelhante ao longo dos anos.

O especialista, em declarações à Rádio Açores/TSF, considera que tem havido uma “maior incidência de tumores em fase inicial”, ou seja, em “fase curável”.

 

“Cada vez com mais frequência, tem-se apanhado mais tumores em fase localizada à próstata, em que uma cirurgia radical ou a radioterapia externa curam normalmente, ou há essa possibilidade de curar” – declara o clínico.

 

Destaca, no entanto, que a incidência é grande, sendo o tumor mais frequente em homens com mais de 50 anos.

É o segundo tipo de cancro que mais mata em todo o país, mesmo em todo o mundo.

 

Fragoso Rebimbas explica que o Hospital tem vindo a alertar para a necessidade da prevenção, nomeadamente através da execução de uma análise de sangue (PSA) anual e de um toque rectal, a partir dos 45 anos.

 

 

Em alguns casos especiais, nomeadamente naqueles em que há antecedentes familiares nos pais ou em tios, esta vigilância deve começar a ser feita mais cedo, a par de uma dieta equilibrada.

 

“Hoje em dia o cancro da próstata é quase uma fatalidade, numa percentagem muito grande de homens cada vez mais velhos” – declara o urologista. No entanto, de acordo com Fragoso Rebimbas, verifica-se já uma melhoria substancial de diagnósticos precoces do cancro da próstata, nos últimos anos”.

 

 

Não deixa de ser, contudo, “com alguma mágoa” que regista o aumento do número de casos. “Mas este aumento é correspondido quando os vejo a virem em fase de se poderem tratar, e a maior parte deles curam-se, felizmente”.

 

De acordo com estudo publicado em Março no título “The New England Journal of Medicine”, o diagnóstico precoce reduz a mortalidade em 20 por cento.

Nova terapia

Entretanto, um estudo publicado no “British Journal of Cancer” ao qual a agência Lusa teve acesso, revela que dois hospitais britânicos desenvolveram um novo tratamento para o cancro da próstata, que evita as intervenções cirúrgicas.

 

O tratamento, desenvolvido por investigadores do University College Hospital e do Princess Grace Hospital, consiste na administração de anestesia geral aos pacientes enquanto são submetidos a ultra-sons de alta intensidade que geram temperaturas entre os 80 e 90 ºC, matando com precisão as células tumorais. De acordo com o estudo, 78 por cento dos 172 pacientes que foram submetidos a esta nova terapia puderam regressar a casa cinco horas após o tratamento.

 

Por outro lado, em 92 por cento dos 159 pacientes que foram examinados um ano após a realização daquele tipo de tratamento não foi detectado qualquer sinal da doença. Os investigadores verificaram igualmente que os homens submetidos a esta terapia manifestaram menos efeitos secundários do que os doentes sujeitos a intervenções cirúrgicas. Menos de um por cento dos homens sofriam de incontinência, nenhum teve problemas intestinais e entre 30 e 40 por cento ficaram impotentes.

 

 

Entre 5 e 20 por cento dos doentes submetidos a intervenções cirúrgicas ou a radioterapia sofrem de incontinência e cerca de 50 por cento de impotência.

 

 

in AO

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