O presidente do Governo dos Açores, Carlos César, admitiu hoje um “aumento significativo” do desemprego na região, que atribuiu a um “ajustamento” em curso, mas assegurou que a situação vai ser invertida em breve.
“Este é um período difícil, de ajustamento da capacidade empresarial às potencialidades do mercado e à capacidade de financiamento bancário”, afirmou Carlos César, frisando que este ajustamento “está a ser feito de forma súbita, especialmente na construção civil, na restauração e no pequeno comércio”.
Na quarta-feira, numa intervenção no plenário da Assembleia Legislativa dos Açores, o vice-presidente do executivo regional, Sérgio Ávila, admitiu que o desemprego na região pode chegar aos “16 ou 17 por cento no primeiro trimestre deste ano”.
Carlos César reconheceu hoje a gravidade da situação, mas frisou que o ajustamento em curso está “próximo da estabilização”, assegurando que a tendência de aumento do desemprego regional ao longo deste ano “não será contínua e vai regredir”.
O presidente do Governo dos Açores recordou ainda que, antes de chegar ao poder, em 1996, a região tinha registado “26 trimestres com o desemprego superior à média nacional”, enquanto desde essa altura esta situação “apenas ocorreu no terceiro trimestre de 1998 e agora”.
Para Carlos César, a situação afeta especialmente o setor da construção civil, em que “a falta de crédito bancário tem criado dificuldades à gestão corrente e à reestruturação das empresas”.
“Há um desajustamento das empresas às estratégias de investimento público e privado”, frisou, acrescentando que o problema também foi agravado com “medidas impostas” a nível nacional que “quebraram o rendimento e o consumo interno, com reflexo nas empresas”.
Carlos César falava aos jornalistas no final de uma audiência com a direção da Associação dos Imigrantes nos Açores (AIPA), que também alertou o presidente do executivo regional para o impacto do desemprego entre os imigrantes.
“Viemos manifestar a nossa preocupação com o impacto da crise, especialmente na construção civil, onde os imigrantes estão mais inseridos”, afirmou o presidente da AIPA, Paulo Mendes. Nesse sentido, pediu a Carlos César que as autoridades regionais continuem a acompanhar os problemas dos imigrantes.
“Os tempos são muito complicados e o impacto da crise é mais forte junto dos mais vulneráveis, nomeadamente os emigrantes”, frisou.
Lusa