“A autonomia é, será sempre, o que os açorianos quiserem que seja”, afirmou Carlos César, frisando que “nunca um regime fez tanto em tão pouco tempo como a autonomia alcançada com a democracia que o 25 de Abril devolveu”.
Para Carlos César, “ainda hoje é possível ver como tudo o que depende da administração central anda mais devagar”, enquanto o que depende dos açorianos “anda mais depressa”.
A autonomia, segundo César trouxe “um desejo incontido de recuperar atrasos e de galgar caminho”, frisou no discurso que proferiu na Povoação, em S. Miguel, na sessão solene do Dia dos Açores, a última em que participou nesta qualidade, já que abandonará o cargo em outubro.
Na sua intervenção, salientou que a autonomia permitiu em 36 anos que os Açores fizessem uma “extraordinária recuperação face aos indicadores económicos e sociais médios do país, onde ocupava posições indigentes”.
“O regime autonómico ofereceu vantagens que os Açores nunca teriam sem a ação dos seus órgãos de governo próprio”, salientou, acrescentando que “os erros dos governos locais ou regionais trouxeram sempre menos atribulações aos Açores e aos açorianos do que aquelas que nos adviriam de simples omissões do poder central”.
Num dia em que, segundo frisou, “os partidos políticos são menos partidários e os adversários mais amigos” e aproveitando o facto de se encontrar no mais jovem concelho dos Açores, Carlos César destacou a importância do poder local, que “integra o património autonómico açoriano”.
“Não devemos permitir, a pretexto de reformas administrativas centralistas, que outros dele disponham como se ele não nos pertencesse”, frisou, numa referência à forma da administração local lançada pelo Governo da República.
Para Carlos César, o enfraquecimento do poder local “só pode ter efeitos perniciosos na iniciativa social e na já fragilizada confiança dos cidadãos nas suas instituições políticas”.
“Não há dúvida, temos que ser melhores a defender o que é nosso e a determinar o que mais nos diz respeito” afirmou, alertando que “o pior que pode acontecer aos Açores é pensarmos que a autonomia se completa a si própria no automatismo da sua configuração jurídico-institucional”.
Nesse sentido, considerou que um dos maiores desafios que se colocam atualmente é mobilizar a sociedade para uma participação cívica mais ativa, a começar pelas eleições regionais de outubro.
“O meu apelo é no sentido de pedir aos açorianos que votem, que votem a favor de quem gostam, que votem contra todos os que não querem, mas que votem, que votem na autonomia”, afirmou Carlos César.
O presidente do executivo regional reafirmou ainda a importância do mar como fator de desenvolvimento da região, alertando novamente contra “as cobiças externas e internacionais que proliferam à volta das riquezas do mar profundo na plataforma em torno dos Açores”.
Relativamente ao futuro, Carlos César apelou a que os açorianos não se iludam com “os inúmeros progressos conseguidos”, mas também “não desanimem perante as contrariedades de um momento”.
Lusa