Como já havia anunciado, o apresentador preferiu entregar-se a ser detido pelas autoridades, o que viria inevitavelmente a acontecer, uma vez que perdeu os derradeiros recursos judiciais que têm evitado, desde 2010, altura em que foi condenado em primeira instância, a sua prisão. No entanto, os recursos não se esgotaram: Carlos Cruz apresentou uma queixa contra o Estado português no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem que continua a aguardar resposta e o seu advogado irá interpor, nos próximos meses, um pedido de revisão da sentença que o condenou.
“Carlos Cruz apresentou-se voluntariamente no Estabelecimento Prisional da Carregueira ao abrigo do regime legal que permite tal entrega voluntária junto de qualquer estabelecimento prisional”, esclarece o advogado Ricardo Sá Fernandes num comunicado enviado esta tarde às redacções. “Aí ficou preso, após ter cumprido o respectivo procedimento de ingresso.”
É também na Carregueira, prisão conhecida por acolher condenados por crimes sexuais, que se encontra já a cumprir pena o antigo motorista da Casa Pia, Carlos Silvino.
“Carlos Pereira Cruz não cometeu os crimes por que foi condenado, reafirmando, mais uma vez, que nunca esteve no local onde supostamente teriam sido cometidos (num prédio da Av. das Forças Armadas, em Lisboa), nem conhecendo, a qualquer título, as alegadas vítimas ou quaisquer outros envolvidos”, refere o mesmo comunicado, segundo o qual o apresentador televisivo foi “vítima de um gravíssimo erro judiciário”, razão pela qual “persistirá na defesa da sua dignidade em ordem a assegurar a reabertura do processo e a proclamação da sua inocência”.
Num post publicado recentemente na sua página no Facebook, Carlos Cruz declara que jamais deixará de ser um homem livre, esteja na rua ou atrás das grades. “Porque é um problema de consciência e a minha está, como sempre esteve. E estará tranquila”, escreve.
Aludindo aos exemplos de figuras como Ghandi, Martin Luther King ou Nelson Mandela, o apresentador recorre ainda à figura de Jesus como exemplo de alguém que “não se vergou à injustiça dos homens, preferindo a morte à confissão de qualquer crime que não cometeu”.
Entretanto, fonte judicial da 8.ª Vara Criminal de Lisboa garantiu à agência Lusa que Carlos Cruz se apresentou no estabelecimento antes de ter sido emitido o despacho do juiz que considera transitada em julgado, desde 14 de Março, a pena de prisão a que foi condenado.
A mesma fonte referiu ainda que o novo titular do processo Casa Pia, o juiz António Gomes, que substituiu Ana Peres na última movimentação de juízes, ainda não emitiu qualquer despacho a declarar transitadas em julgado as penas de prisão a que foram condenados os restantes arguidos no processo: Ferreira Diniz, Jorge Rito e Manuel Abrantes.
c/ Lusa e Publico