Movido pela “consciência dos graves problemas do país”, Cavaco Silva anunciou a recandidatura a Belém, “sem outdors”, questionando-se como estaria Portugal sem a sua “acção intensa e ponderada”, que lamentou não tivesse sido “mais bem aproveitada”.
“Quero anunciar aos portugueses que, depois de uma profunda reflexão, decidi recandidatar-me à Presidência da República”. Foi a primeira frase do discurso, depois de, acompanhado da mulher, ter surgido na sala do Centro Cultural de Belém repleta de convidados, por detrás do cenário pintado de verde e salpicado por dez bandeiras nacionais.
Seguiram-se as justificações e o auto-elogio, reflectidos em cada frase da comunicação, que durou mais de 20 minutos. “Portugal encontra-se numa situação difícil. Mas há uma interrogação que cada um, com honestidade, deve fazer: em que situação se encontraria o País sem a acção intensa e ponderada, muitas vezes discreta, que desenvolvi ao longo do meu mandato?”
Pergunta foi, obviamente, e a resposta do autor não podia ser outra: “Sei bem que a minha magistratura de influência produziu resultados positivos. Mas também sei – e esta é a hora de dizê-lo – que podia ter sido mais bem aproveitada pelos diferentes poderes do Estado”.
A crítica a quem não seguiu os seus “alertas e apelos” estava feita e Cavaco não se cansou de se referir à sua experiência em Belém para dizer que conhece muito bem o país os problemas que se colocam no futuro imediato. Entre eles, enumerou “o desemprego e o endividamento externo” e deu a receita, ao considerar que se exige “um reforço da produtividade e da capacidade competitiva da economia e o aumento da produção de bens e serviços que concorrem com a produção externa”.
“Está ao nosso alcance agarrar o futuro com determinação e generosidade. Está ao nosso alcance construir um Portugal mais desenvolvido e mais justo”. “É isso que me motiva”, assegurou, antes de lançar uma frase-chave, que certamente se ouvirá ao longa da campanha: “Eu acredito”.
Sempre a reforçar a ideia de que tem consciência dos problemas do país, Cavaco não deixou de falar ao coração dos que mais dificuldades financeiras enfrentam. Garantiu que a sua campanha não terá um único cartaz exterior.
“Não me sentiria bem com a minha consciência gastando centenas de milhares de euros com a afixação de cartazes”, disse, anunciando que só gastará metade do que a lei prevê. O que significada que, mesmo sem outdoors, serão gastos em propaganda eleitoral 2,09 milhões de euros.
Jornal de Noticias