“Apesar dos sacrifícios que a todos são exigidos para que possamos superar as dificuldades do presente, as instituições financeiras, em particular, continuam a ter uma missão relevante a desempenhar”, defendeu o chefe de Estado, numa intervenção no encerramento do Congresso do Centenário do Crédito Agrícola, que se realizou em Lisboa. Uma missão que, segundo Cavaco Silva, começa desde logo no apoio ao empreendedorismo, à iniciativa privada e local e como “esteio das empresas e dos cidadãos expostos à atual crise, mas cujo potencial não está em causa”. Dando nota do “aparente paradoxo que é o contraste entre o “flagelo do desemprego prolongado”, a emigração de milhares de jovens e o despovoamento dos campos e desertificação do interior, o Presidente da República defendeu a procura de “soluções inovadoras” para criar mais oportunidades de auto-emprego e de empreendedorismo rural. “Precisamos de um programa de repovoamento agrário que consiga captar uma parte dos recursos humanos desaproveitados”, preconizou, salientando que veria com “muito bons olhos” uma concertação de esforços entre entidades públicas e privadas para criar medidas de incentivo à fixação e atração de ativos nas zonas rurais. Entre as soluções possíveis, Cavaco Silva avançou com a hipótese de serem criados incentivos ao emprego e aos jovens agricultores, o apoio a empresas de inserção e a concessão de microcrédito para projetos de projetos de desenvolvimento rural. “O que vos peço, a todos, é um esforço adicional no sentido de darem uma oportunidade, neste momento, a quem está disposto a trabalhar e a contribuir para a superação da crise por que passamos”, acrescentou. Na sua intervenção, o chefe de Estado deixou ainda palavras de elogio ao grupo do Crédito Agrícola, “um dos principais grupos financeiros portugueses”, sublinhando a atenção que têm dado à solidariedade e à inclusão social. “Nesta altura, em que além dos riscos económicos existem também riscos de grave retrocesso social, esta missão das Caixas adquire importância redobrada”, frisou. Antes, Cavaco Silva tinha já referido os “bons resultados” registados pelo grupo do Crédito Agrícola, considerando que “num tempo de particular incerteza” tem conseguido salvaguardar “os critérios de solvabilidade e robustez que tão cruciais são para o funcionamento saudável do sistema financeiro e da economia”. Por outro lado, acrescentou ainda, é “indiscutível” o contributo que deu para o desenvolvimento da economia portuguesa, em especial nas zonas rurais. “As micro, pequenas e médias empresas que se dedicam à agricultura e a outras atividades no mundo rural têm beneficiado, de forma expressiva, da organização do crédito agrícola, do seu modelo de gestão e de desempenho, sobretudo através da relação de proximidade desenvolvida com as comunidades locais, que permite uma ação particularmente ajustada à realidade do nosso país”, declarou.
O Presidente da República sublinhou hoje a “missão muito relevante” das instituições financeiras, pedindo um “esforço adicional” às entidades públicas e privadas para darem oportunidades a quem está disposto a trabalhar.