O líder do CDS-PP/Açores criticou hoje o atraso de “mais de uma década” de investimentos na ilha das Flores, alegando que a covid-19 não pode servir de desculpa para o incumprimento do Governo Regional.
“A covid-19 não foi a desculpa para obras que estão prometidas há mais de 10 anos e para investimentos que eram necessários fazer pelo menos há mais de uma legislatura. Não há desculpa para estes atrasos, sobretudo para ilhas pequenas, que sofrem de um processo de desertificação e que necessitam de fixar muito a sua população”, afirmou o dirigente regional centrista, Artur Lima, em declarações à Lusa.
A meses das eleições legislativas regionais, Artur Lima, que é também líder da bancada do CDS no parlamento açoriano, participou numas jornadas parlamentares, na ilha das Flores, acompanhado pelo líder nacional do partido, Francisco Rodrigues dos Santos.
Depois de um dia dedicado a contactos com empresários, os centristas visitaram hoje o Porto das Poças, em Santa Cruz, cuja requalificação “continua por fazer”, apesar de estar “prometida há muitos anos”, segundo o líder do CDS-PP/Açores.
“Ao fim destes quatro anos podemos chegar à conclusão, sobre o investimento do Governo do Partido Socialista, que para a frente não é caminho”, ironizou, numa referência ao ‘slogan’ de campanha do PS/Açores “P’rá frente é que é caminho”.
Artur Lima salientou, por outro lado, as dificuldades de exportação de bens dos empresários da ilha das Flores, alegando que o CDS “propõe há anos” a aquisição de um avião mini-cargueiro para o arquipélago para resolver este problema.
“Visitámos ontem uma cooperativa de laticínios. Há pouco consumo local do seu produto, porque não há turismo, e têm alguma dificuldade em exportar, porque não conseguem exportar a quantidade que querem na SATA, que não dá a resposta satisfatória”, apontou.
Por sua vez, o líder nacional do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, disse que é hora de Governo da República “honrar os compromissos que celebrou com os Açores” na ajuda à reparação dos danos provocados pelo furacão Lorenzo.
“Acho de importância estratégica para a ilha das Flores, mas também para o grupo ocidental que o Governo possa proceder imediatamente à reconstrução do Porto das Lajes, que foi destruído, porque ele é fundamental para o abastecimento e para o comércio deste ponto do arquipélago”, frisou.
O Governo Regional dos Açores estimou em cerca de 330 milhões de euros os prejuízos com a passagem do furacão, em outubro de 2019, tendo o Governo da República assumido o financiamento de 85% deste valor.
Segundo o executivo açoriano, a reconstrução do porto das Lajes das Flores, que ficou totalmente destruído, deverá arrancar no início de 2021, devendo o projeto de execução estar concluído até ao final de setembro deste ano.
Francisco Rodrigues dos Santos lembrou que o grupo parlamentar do CDS-PP nos Açores propôs a criação de um grupo de trabalho para acompanhar o processo de reabilitação das infraestruturas e de abastecimento de bens às ilhas das Flores e do Corvo, alegando que “até agora nada foi feito”.
“As promessas não passaram de palavras vagas e continuamos a eternizar na fase dos estudos. Ainda nenhuma pedra foi colocada no lugar, o que tem afetado e muito o desenvolvimento dos Açores, perturbando o normal funcionamento destas ilhas e penalizado e muito o abastecimento e a economia local”, afirmou.
O dirigente centrista criticou, por outro lado, o atraso na instalação de uma rede de radares meteorológicos nos Açores, a única parcela do território nacional que não é coberta por este tipo de tecnologia.
Lusa