O “esforço” dos produtores de carne IGP (Indicação Geográfica Protegida) nas ilhas das Flores tem sido “sabotado” pelas “políticas descoordenadas do Governo”, nomeadamente no capítulo dos transportes e dos equipamentos da rede regional de abate.
A denúncia parte do Presidente do Grupo Parlamentar do CDS-PP Açores, Artur Lima, e do Deputado popular Paulo Rosa, que conjuntamente entregaram, esta quinta-feira, no Parlamento um requerimento onde questionam o executivo socialista sobre políticas de coesão e empreendedorismo versus produção de carne IGP na ilha mais Ocidental da Europa.
Artur Lima (que recentemente visitou as Flores) e Paulo Rosa (Deputado eleito por esta ilha) lembram que as Flores são “a terceira ilha com o maior número de explorações certificadas para produção de carne IGP” e que esta certificação “constitui uma janela de oportunidade para os produtores aumentarem os seus rendimentos, pois proporciona uma maior competitividade desta actividade económica no segmento da qualidade”.
Os parlamentares centristas acentuam, por outro lado, que “apenas os matadouros das ilhas do Pico e Terceira estão certificados para o abate de animais IGP” e que “o Matadouro da Ilha das Flores, em fase de requalificação, não se encontra certificado para abate destes animais, tendo estes que sair da ilha em vivo para abate”.
Uma dos principais entraves à produção IGP naquela ilha é o sistema de transportes: “o navio da Transinsular, que efectua este transporte, faz o circuito São Miguel – Pico – Flores – São Miguel, ou seja, sem escalar a ilha do Pico quando sai das Flores, o que implica não só uma violência exercida sobre os animais, mas também uma quebra do seu valor real dado o emagrecimento inevitável”.
Ora, prosseguem Lima e Rosa, “em virtude das dificuldades de transporte e abate, a produção de carne IGP na Ilha das Flores está fortemente condicionada estando estes constrangimentos a transformar o que era, supostamente, uma oportunidade numa ilusão lamentável, levando a que vários produtores optem já por não inscrever os animais como IGP, preferindo inscrevê-los como animais indiferenciados”.
Para os centristas “esta situação constitui um condicionamento inaceitável da actividade económica da Ilha, num segmento em que esta reúne condições para ser competitiva”, para além de que “o esforço dos produtores tem sido sabotado pelas políticas descoordenadas do Governo”.