O Líder Parlamentar do CDS-PP Açores, Artur Lima, acusou, esta quarta-feira, o Secretário da Saúde de “mentir” e a SAUDAÇOR de “insensibilidade humana atroz” porque disponibilizam aos utentes do Serviço Regional de Saúde produtos de “má qualidade”.
Em causa, segundo o parlamentar popular, está “o estranho concurso para aquisição de fraldas por parte da SAUDAÇOR, S.A.” que o CDS-PP denunciou em Novembro do ano passado.
Na altura, afirmou Artur Lima em conferência de imprensa, “denunciamos a má qualidade do produto, o critério economicista da sua escolha e o facto do mesmo não cumprir com as normas europeias em matéria de dispositivos médicos”. A tutela desmentiu alegando que “todos os bens propostos foram alvo de rigorosos testes de verificação pelo Serviço Regional de Saúde”.
Ora, para o líder da bancada parlamentar democrata-cristã o Secretário da Saúde “mentiu” fazendo prova de que “mais uma vez o CDS-PP tinha razão”. Isto porque, acrescentou, “em circular informativa de 13 de Fevereiro corrente, o conselho directivo do INFARMED (Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento), ordena a suspensão imediata da sua colocação no mercado e comercialização, por incumprimento do estabelecido na lei” em vigor.
Lima lembra que “as referidas fraldas foram rejeitadas por algumas unidades de saúde por não terem o mínimo de qualidade” e que, em Novembro, criticou “o critério preço” como factor de escolha dos produtos.
Tal opção, disse o centrista, configura “o total desprezo por parte da SAUDAÇOR pelo conforto e sofrimento dos doentes que infelizmente precisam de recorrer ao uso da fralda. Isto revela uma insensibilidade humana atroz por parte da administração da SAUDAÇOR, da qual o actual Secretário da Saúde era administrador”.
Mas o mais grave, para os populares açorianos, é que “já como titular da pasta” o Secretário Regional “veio defender acerrimamente o referido concurso e a qualidade do produto”.
Por isto, acrescentou, “a falta de respeito pelo sofrimento humano, a visão meramente contabilista do Serviço Regional de Saúde e o não cumprimento da lei enquanto gestor público, podem dizer-se, foram as credenciais de Miguel Correia para Secretário da Saúde”.
“Irresponsabilidade e incompetência”
Para Artur Lima “estamos perante uma situação de extrema gravidade. Não cumpriram a lei. O concurso tem que ser imediatamente anulado. Estamos perante mais uma delapidação do património público por irresponsabilidade e incompetência dos administradores da SAUDAÇOR”.
O Presidente do Grupo Parlamentar do CDS-PP Açores vai mais longe e exige “a imediata anulação deste concurso” e uma resposta do Secretário da Saúde sobre o montante “do prejuízo para o Serviço Regional de Saúde, se é que já pagou as fraldas ao fornecedor”.
“O CDS-PP fica à espera que o Secretário venha dizer em quanto foi delapidado o bolso dos açorianos. Esta postura de tecnocrata do Senhor Secretário, que faz prevalecer a análise técnica em detrimento dos aspectos sociais e humanos, é verdadeiramente lamentável para quem gere uma pasta tão importante como a Saúde. Este concurso é uma vergonha, essencialmente porque é inaceitável que um titular da pasta tente camuflar a asneira que fez, enquanto administrador da SAUDAÇOR. Politicamente é perfeitamente condenável”, rematou Artur Lima.