“Há três anos viemos só no dia 12 e não tínhamos lugar para pôr carro, onde dormir, não tínhamos nada. Então viemos uma semana de férias”, disse à agência Lusa Ana Carvalho, de Mogadouro, Bragança, encostada à tenda que é a sua casa desde a passada sexta feira e há de continuar a sê-lo até quinta feira, depois da missa a que preside o papa no Santuário.
“Se a gente vem mais tarde já não conseguimos [lugar]”, acrescentou a peregrina, reconhecendo que “custa um bocadinho” ficar na tenda, mas justificando a opção por razões económicas.
No carro que transportou Ana e o marido até Fátima também veio o fogão, uma televisão e a comida, das batatas ao pão caseiro.
“O que for necessário comprar vamos ao mercado”, explicou, adiantando que este tipo de alojamento beneficia da proximidade de muitas outras pessoas, conhecidas ou não, e não faltam convites para comer na tenda ou nas auto-caravanas ao lado, fazendo do verbo partilhar um dos mais conjugados no local.
Do papa, Ana Carvalho espera uma mensagem de paz e esperança no futuro, enquanto Abílio Oliveira, de Matosinhos, deseja que a marca de Bento XVI no santuário seja de simplicidade e harmonia, apontando, a este propósito, o seu antecessor.
O peregrino, que acabava de chegar de uma viagem a pé de 240 quilómetros com um grupo de 14 pessoas, montava as tendas para descansar as dores do corpo e, logo depois, fazer-se a um novo caminho, este mais curto, de uma centena de metros, até ao santuário.
Para Abílio Oliveira é a fé que o faz peregrinar a Fátima e, se antes vinha “pelo outro papa”, desta vez vem por Bento XVI porque “por este também é preciso”.
Já Américo Tavares, de Lourosa, encostado à sua auto-caravana – a sua casa durante 15 dias – explicou que foi esse o período de férias que tirou para participar na peregrinação internacional aniversária de 12 e 13 de maio.
Esta rotina tem vários anos, admitiu Américo Tavares, adiantando que repete-se mais duas vezes por ano, não por promessa, mas devido ao gosto de estar em Fátima, reconhecendo que, desta vez, a presença do papa não é indiferente.
“Já agora que estamos aqui, juntamos o útil ao agradável”, contou quem trouxe a casa às costas.
“Temos tudo preparadinho para não nos faltar nada”, comentou.
“Trago a casa comigo”, disse, por seu turno, um vizinho de Américo Tavares no parque de estacionamento.
Virgílio Mouta, de Aveiro, que envergava um boné onde colocou um lenço com a imagem de Bento XVI, disse que a viagem a Fátima é sinónimo de fé.
“É a fé que nos move”, salientou, enquanto a mulher estende a roupa num estendal improvisado na auto-caravana.
Noutra viatura em frente, um casal holandês saboreia um café, numa espécie de esplanada que aproveita os raios de sol.
O casal, que partiu da Holanda a 06 de abril, parou em Fátima por causa da “Igreja e de Maria”, explicou Ria van Keulen, explicando que é o papa a motivar o prolongamento da estadia antes da partida para o Porto.