“Queremos que seja feito o que os pescadores achem melhor para a segurança e qualidade do seu trabalho”, afirmou Carlos César, frisando que “com a ajuda dos pescadores teremos uma obra melhor”. O presidente do executivo açoriano revelou que estão destinados 12 milhões de euros para esta obra, que se pretende que venha a criar “o melhor porto de pesca virado a norte nos Açores”. Para isso, defendeu ser necessário conciliar os conhecimentos técnicos dos engenheiros e arquitetos com “a experiência da vida” dos pescadores, apelando à “humildade de ambas as partes” envolvidas neste processo.
Carlos César falava em Rabo de Peixe na sessão de apresentação do projeto preliminar de ampliação do porto de pesca, que originou algumas críticas e dúvidas entre os pescadores presentes. O projeto preliminar baseia-se na construção de um molhe por dentro do atual, que será prolongado e alteado, criando duas bacias interiores protegidas do mar. Apesar das explicações técnicas que foram apresentadas, a solução defendida, que resultou do estudo de três alternativas, num total de 11 variantes, não convenceu os pescadores locais. A localização do novo molhe interior, a altura do atual molhe e a questão da segurança na entrada do porto foram alguns dos problemas levantados pelos pescadores, a maioria dos quais não se mostrou favorável à opção apresentada pelo arquiteto Silveira Ramos. O projeto preliminar hoje apresentado aos pescadores pretende aumentar a segurança dos pescadores na entrada e saída do porto, criar mais postos de estacionamento no interior do porto e garantir que as embarcações podem permanecer na água durante todo o ano. Silveira Ramos recordou, no entanto, que o porto de Rabo de Peixe se situa numa “zona difícil”, onde rebentam ondas com 13 metros em dias de tempestade, frisando que “não há milagres”. “Este porto é especialmente perigoso nas condições de entrada, não vou ‘vender banha da cobra’ e dizer que vão passar a entrar sem perigo nenhum”, afirmou.
Carlos César quer que os pescadores se envolvam na procura da “melhor solução”, admitindo que este período de discussão se prolongue até ao final do ano, para que o concurso possa ser lançado no início de 2011 e as obras ainda arranquem no próximo ano. A vila de Rabo de Peixe é uma das mais importantes comunidades piscatórias dos Açores, com cerca de sete dezenas de embarcações que se dedicam a esta actividade.