“Os Açores são marco distintivo e alicerce da portugalidade, somos como que um arcobotante da sua melhor qualidade e da sua melhor dimensão, guardando em nós o espírito e a herança da vontade forte dos nossos avós do século XV”, afirmou Carlos César, no discurso que proferiu na cerimónia comemorativa do Dia dos Açores. Nesta data, frisou que “o que mais (interessa aos açorianos) é a autonomia e o que mais releva é saber que todos nós queremos ser insuperáveis na salvaguarda desse poder de liberdade e de autodeterminação”. “É o povo açoriano a razão de ser da nossa autonomia politica”, afirmou, perante várias dezenas de convidados numa cerimónia realizada pela primeira vez na ilha do Corvo, a mais pequena do arquipélago.
Na sua intervenção, recordou que “é por causa (dos Açores) que o nosso país, centésimo primeiro em dimensão territorial, é o oitavo do mundo, segundo na Europa e primeiro na União Europeia em área marítima exclusiva”, mas defendeu que os açorianos devem contar apenas com o seu trabalho porque “o que é trabalho de outros, raramente é fruto que nos seja oferecido”.
Numa época de crise mundial, Carlos César dedicou especial atenção às medidas que foram adotadas para a combater, mas alertou que “o que se espera é que essas medidas sobrecarreguem menos os que menos têm e não desprotejam os que mais precisam”. Relativamente aos Açores, deixou uma palavra de “confiança no futuro”, assegurando que o executivo regional continuará a tomar “medidas que induzem a reanimação”, sem deixar de “acautelar as finanças para não gerar incapacidades comprometedoras”. “Sabemos que necessitamos de ser mais competitivos”, afirmou Carlos César, acrescentando, no entanto, a necessidade de ter “mais cuidado do que nunca na aplicação dos dinheiros públicos”.
Nesse sentido, recordou que o “desenvolvimento extraordinário” que os Açores conheceram nos últimos anos foi baseado numa “política responsável de controlo dos recursos financeiros, sem comprometer as necessidades do presente e as possibilidades das gerações do futuro”. “O que é certo e seguro é que resistimos melhor porque tínhamos a economia mais segura, porque resguardamos meios para compensar as dificuldades e conservamos margens para continuar a lutar, a recuperar e a ajudar quem precisa”, frisou.
As características próprias dos açorianos dominaram também a intervenção do presidente da Assembleia Legislativa Regional, Francisco Coelho, para quem “não se nasce nestas ilhas impunemente”. “Cada açoriano é uma bandeira da portugalidade atlântica”, afirmou. Francisco Coelho dedicou ainda especial atenção à autonomia regional, “que se constrói pacientemente, devagar e à unha”, criticando a “interpretação restritiva” que o Tribunal Constitucional tem dado a estas matérias. “O Tribunal Constitucional continua a fazer uma interpretação da Constituição em matéria de regiões autónomas que, em grande medida, desvirtua o espírito e a vontade da sexta revisão constitucional”, defendeu o presidente do parlamento açoriano.