“Por via do encerramento das salas Castello Lopes e de se ouvir dizer que iria deixar de haver cinema em São Miguel, o CineClube saiu um bocado da sombra e muitas pessoas que não tinham conhecimento da existência do CineClube, tomaram conhecimento e começaram a aparecer e portanto notámos que neste mês tivemos um aumento na ordem dos 50/60% de espetadores”, disse Vítor Marques. Só na última semana, o 9500 CineClube de Ponta Delgada exibiu três sessões no âmbito da comemoração dos seus três anos de existência, registando cerca de 170 entradas, entre sócios, que pagam dois euros, e não sócios, que pagam quatro. “Quer dizer que nesta última semana os três filmes serão pagos pelas entradas, mas é muito difícil conseguir isso, é preciso, no mínimo, a presença de cinquenta pessoas por sessão”, reconheceu o responsável, sublinhando a importância dos apoios anuais da Câmara Municipal de Ponta Delgada e da Direção Regional da Cultura para manter os ciclos de cinema.
Para Vítor Marques, este é um fenómeno que não se limita apenas a Ponta Delgada mas a todas as outras cidades do país em que a Castello Lopes encerrou salas de cinema em janeiro passado, como “é o caso de Viana do Castelo, Aveiro e Braga, por exemplo”. Apesar de considerar que os CineClubes acabaram por ganhar outro protagonismo, o responsável pelo CineClube de Ponta Delgada destaca que este “não substitui as salas comerciais”. “Devem reabrir as salas de cinema comerciais em Ponta Delgada ou, em alternativa, equipar algum espaço público com equipamento para projeção porque nenhuma sala em São Miguel neste momento tem capacidades técnicas para exibir o cinema mais recente e o cinema 3D”, disse.
No Clube de cinema da Ribeira Grande também se tem verificado um aumento de espetadores, mas a presidente, Judite Barros, diz que “ainda é cedo para afirmar” se houve transferência de público do cinema comercial para as películas exibidas no Teatro Ribeiragrandense. “Este é o terceiro ano em que estamos já a funcionar, temos notado um maior número de pessoas, temos uma média de 20 a 25 pessoas por sessão, mas não posso dizer se isso é consequência dos cinemas terem fechado em Ponta Delgada porque ainda é muito recente esse facto e nós começamos a notar maior afluência em setembro de 2012”, afirmou.
Lusa