Cinema documental português adapta-se melhor à crise que restantes artes

O cinema documental português está a passar “grandes dificuldades”, devido aos cortes nos apoios à produção, mas apesar de tudo consegue adaptar-se melhor à crise que as restantes artes.
É, pelo menos, esta a opinião de José Manuel Costa, um dos diretores do Doc’s Kingdom, o seminário internacional sobre cinema documental que teve início no domingo na ilha açoriana do Faial, juntando cerca de uma centena de participantes.
Para José Manuel Costa, que falava aos jornalistas à margem do festival, intitulado “Ideia de uma ilha”, o cinema documental tem conseguido contornar as dificuldades e a crise com pequenas produções de qualidade.
“O cinema documental que se faz hoje permite, mesmo em situações de crise, ir fazendo algumas coisas que há uns anos não era possível, porque as novas tecnologias permitem que equipas muito pequenas – no limite quase uma pessoa sozinha – possa fazer uma parte do filme”, sublinhou José Manuel Costa.
Na sua opinião, um dos exemplos mais “notáveis” desse esforço de combate a crise foi o filme produzido nos Açores por Gonçalo Tocha [É na Terra, não é na Lua”], que de uma “forma extremamente económica” fez uma obra com um “impacto enorme”, que “ultrapassa largamente” aquilo que há uns anos se esperaria de uma produção deste género.
José Manuel Costa lembra, no entanto, que os cortes do Estado nos apoios à produção estão a gerar “grandes dificuldades” em todo o país e “em todas as áreas”.
Apesar dessas dificuldades, a APORDOC – Associação pelo Documentário conseguiu trazer aos Açores, pela primeira vez, uma edição do Doc’s Kingdom, em parceria com a Azores Film Commission.
“A ideia é passar a realizar este seminário nos Açores”, destacou José Manuel Costa, que entende que o arquipélago é o “sítio ideal” para organizar um evento desta natureza, ressalvando, porém, que isso irá depender muito dos “apoios financeiros” conseguidos.
Segundo explicou, a intenção é que este grupo de participantes se reúna para ver e falar de cinema, mas também que “sintam a influência” do local onde estão, neste caso, da história, da cultura e do ambiente que se vive nos Açores.
Nuno Lisboa, outro dos organizadores do Doc’s Kingdom, destacou, por outro lado, o “formato inovador” do encontro, que pela primeira vez não revela o seu programa.
“Os participantes neste seminário entram no cinema e não sabem o que vão ver!”, realçou Nuno Lisboa, adiantando que “isto impede que cada um deles faça planos pessoais nesta semana”, mas, por outro lado, “torna-os disponíveis para explorar e discutir” as diferentes formas cinematográficas.
O Doc’s Kingdom vai decorrer até 20 de setembro nas ilhas do Faial e Pico, juntando mais de uma centena de participantes, metade dos quais estrangeiros, de 15 nacionalidades diferentes.

 

Lusa

Pub

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here