Clientes do Banif protestam junto à presidência do Governo dos Açores

Clientes do antigo Banif estão hoje concentrados em protesto contra a alegada perda de poupanças junto à sede da presidência do Governo dos Açores, em Ponta Delgada, onde o chefe do executivo açoriano recebe o seu homólogo da Madeira.

Com cartazes nos quais se lê “fomos enganados, queremos o nosso dinheiro” e “neste país já não há confiança”, os clientes – cerca de 50 – reclamam explicações sobre o destino das poupanças e pedem a intervenção do poder político.

Ao chegar à sede da presidência do executivo, perto das 19:00 locais (20:00 em Lisboa) o presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, saiu do carro e dirigiu-se aos participantes no protesto, sugerindo a indicação de algumas pessoas “para transmitir as preocupações de todos” numa reunião que vai ser agendada na próxima semana.

Uma das pessoas perguntou ao chefe do executivo se prometia ajudar os lesados, ao que Vasco Cordeiro respondeu: “A pior coisa que se pode fazer nestas circunstâncias é brincar com as expectativas das pessoas e eu não quero fazer isso”.

À agência Lusa, Lúcia Santo, de 53 anos, residente no concelho da Lagoa, ilha de São Miguel, explicou que “tinha o dinheiro a prazo e o gerente do banco convenceu a mudar para um produto muito bom, com que não corria riscos”, acabando por colocar “uma parte das poupanças em obrigações subordinadas do Banif”.

“Se eles soubessem o que é deixar a ilha, a família para trabalhar duro e forte para construir uma vida e depois as poupanças desaparecerem…”, desabafou Lúcia Santo, que esteve dois anos emigrada e meio na Bermuda.

A cliente adiantou que o juro não caiu na conta este mês, como estava previsto, pelo que foi ao banco pedir explicações, mas “não sabiam nada”.

“Parte das minhas poupanças desapareceram. Estamos a ficar revoltados, mas vamos lutar até ao fim, não vão ficar com o nosso dinheiro”, garantiu.

Um outro antigo cliente, Artur Arruda, de Vila Franca do Campo, referiu que, “de um depósito de 510 mil euros, 450 mil euros foram colocados num fundo de investimento, enquanto 50 mil euros em obrigações subordinadas”.

“Assinei sem saber o que estava a assinar”, declarou o cliente de 56 anos, esperançado de que “a vontade política resolva este problema”

Um outro cliente, Carlos Ribeiro, de 81 anos, de Ponta Delgada, salientou que, como ele, outros clientes foram lesados “por falta de informação”, notando que “a pouca informação era a parte aliciante do negócio” e “do risco pouco ou nada se falou”.

Para Carlos Ribeiro, “o Banco de Portugal é o grande responsável”.

Os governos regionais dos Açores e da Madeira iniciam hoje, em Ponta Delgada, São Miguel, um encontro que inclui a passagem por mais três ilhas e culmina com a assinatura de protocolos de cooperação e de uma declaração conjunta.

A visita, classificada como histórica pelos dois executivos, foi agendada para as 19:00 locais, com um encontro oficial entre os presidentes dos governos dos Açores, o socialista Vasco Cordeiro, e da Madeira, o social-democrata Miguel Albuquerque.

A 20 de dezembro, o Governo e o Banco de Portugal anunciaram a resolução do Banif, com a venda de parte da atividade bancária ao Santander Totta, por 150 milhões de euros, e a transferência de outros ativos – incluindo ‘tóxicos’ – para a nova sociedade veículo Oitante.

A resolução foi acompanhada de um apoio público de 2.255 milhões de euros, a que se somam duas garantias bancárias do Estado no total de 746 milhões de euros.

O Banif (em processo de reestruturação desde 2012) era o sétimo maior grupo bancário português e líder de mercado nos Açores e na Madeira.

 

Lusa

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