O Presidente do Governo dos Açores defendeu hoje que um dos desafios da Autonomia passa por encontrar soluções práticas e inovadoras que revitalizem a Democracia, garantindo um maior envolvimento dos Açorianos na vida democrática e uma maior aproximação entre os eleitos e os eleitores.
“Precisamos de nos empenhar todos na construção de soluções que reforcem o envolvimento dos Açorianos nas decisões da sua vida coletiva e democrática e que os façam sentir, cada vez mais, como parte integrante e integrada da nossa Autonomia”, afirmou Vasco Cordeiro, na sessão solene do Dia dos Açores.
Na Vila do Nordeste, o Presidente do Governo preconizou, assim, a necessidade de “desbravar novos caminhos” de aproximação entre os eleitos e eleitores, de mobilização para o exercício e o escrutínio democrático, de responsabilização individual, mas também de maior e mais diversa responsabilização coletiva, de melhor organização dos processos de decisão e de organização nas, e das, ilhas dos Açores.
“Temos, pois, de olhar de maneira construtiva para outras soluções que possam reforçar esse sentido de proximidade e de representatividade no âmbito do processo eleitoral”, salientou Vasco Cordeiro, para quem é, ainda, necessário avançar para propostas que melhor organizem e tornem mais eficaz a estrutura territorial dos Açores, que abrange as freguesias, os municípios, os Conselhos de Ilha e o poder regional.
Depois de considerar que, do ponto de vista material, os resultados estão à vista de todos, o Presidente do Governo realçou ser importante que a Autonomia não seja encarada “como um qualquer plano de fomento em que se ajuíza do seu sucesso pelas obras realizadas ou pelo conforto material que as mesmas proporcionam”.
“Há novos desafios, para não dizer novos perigos, que espreitam e para os quais necessitamos de estar devidamente despertos e mobilizados a bem da nossa terra”, alertou Vasco Cordeiro, para quem a Autonomia só tem condições de ser bem sucedida e de perdurar no tempo, aprofundando-se e desenvolvendo-se, se “for acarinhada e cuidada pelos Açorianos”.
Na sua intervenção no Concelho que este ano recebeu as comemorações promovidas pela Assembleia Legislativa e pelo Governo dos Açores, Vasco Cordeiro reconheceu que a reforma da relação entre eleito e eleitor ”pode ser terreno onde as armadilhas da demagogia, do populismo e da irresponsabilidade medram e provocam danos”, mas assegurou que ninguém pode “virar costas” a este desafio, sob pena de surgirem “salvadores de ocasião que podem causar danos irreparáveis à Democracia e, por consequência, à Autonomia”.
Recordou que, ainda recentemente, nas eleições para o Parlamento Europeu, a abstenção atingiu novos recordes, ao mesmo tempo que se assistiu, noutras paragens, a subidas preocupantes das votações em partidos que “não honram os ideais europeus ou os ideais humanistas”. “A resposta à demagogia e ao populismo em que alguns aparentam embarcar inconscientemente, não está em criarmos soluções fora da Democracia ou diminuindo a Política e a sua capacidade de intervenção”, defendeu o Presidente do Governo, para quem a solução está em ter “mais Política, mais aperfeiçoada, com maior capacidade de resposta, com cada vez maior transparência e menos sujeita ou dependente de fatores estranhos e, porventura, adversos da linear relação que se deve estabelecer entre representantes e representados”.
Vasco Cordeiro adiantou, por outro lado, que a situação atual dos Açores, do ponto de vista económico, não podia ser esquecida nas celebrações de uma Autonomia que se quer desperta para a dimensão dos desafios a que tem de dar resposta, mas, sobretudo, consciente da imperatividade de ser ela a ter de lhes dar resposta.
“O drama do desemprego que atinge Açorianas e Açorianos e a angústia de empresários, a par da necessidade de reforço dos mecanismos de proteção social para os que se encontrem numa situação de potencial fragilidade, como as nossas crianças, os nossos jovens e os nossos idosos, constituem alguns dos principais desafios a que a nossa Autonomia deve responder e tem respondido”, disse.
De acordo com o Presidente do Governo, para além das medidas que têm sido implementadas, algumas delas como resultado de propostas de diversos partidos políticos e parceiros sociais, há a necessidade de serem aprofundadas as respostas às famílias e empresas que continuam a necessitar de auxílio para os tempos turbulentos que atravessamos. “A nossa convicção e determinação quanto à necessidade de aprofundamento desse trabalho radica, também, na consciência de que se não fossem as muitas respostas sociais, de emprego, de formação e de ajuda às famílias e às empresas, que temos construído e posto ao serviço das Açorianas e dos Açorianos, estaríamos perante uma situação incomportavelmente pior, com um elevadíssimo grau de degradação económica e de pressão social”, frisou.
Perante isso, Vasco Cordeiro reafirmou que o seu Executivo está, não apenas disponível, mas interessado num diálogo e numa concertação que potencie e amplifique a eficácia das respostas que o Governo dos Açores pretende dar. Nesta sessão solene comemorativa do Dia da Região, Vasco Cordeiro destacou ainda que os Açores não são apenas um conjunto de ilhas ou a soma das partes, razão pela qual a coesão regional é, ou deve ser, ao mesmo tempo, condição e resultado. “Ela é condição da nossa afirmação como Região. Ela é resultado da nossa ação”, frisou o Presidente do Governo, para quem esta coesão deve ser “quotidianamente construída, acarinhada e alimentada com as ações que a tornem possível e concretizável”. “É certo que uma coesão apenas alimentada por discursos não seria um bom serviço prestado à Região.
No entanto, também não é menos certo que discursos que, pelo menos aparentemente, apenas visam minar essa coesão, também não são um bom serviço ou, sequer, um contributo válido que tenha na sua base a realidade em que vivemos”, afirmou.
Face a isso, Vasco Cordeiro defendeu ser necessário continuarmos todos a “realizar um esforço no sentido de salvaguardarmos a coerência dos nossos princípios, da nossa ação e das nossas posições: reclamamos da Europa e do País um tratamento positivamente diferenciado para uma região insular e arquipelágica como a nossa. Ao fazê-lo, obrigamo-nos, também por isso, a praticar essa solidariedade que tem como medida, não apenas a efetiva obrigação do dever, mas também o incontornável dado objetivo do poder”.