Cofres dos palácios açorianos escondem tesouros

Vários palácios do poder nos Açores têm cofres antigos, alguns nunca abertos, verdadeiras peças de antiquário de grande valor histórico e monetário, que despertam o imaginário coletivo sobre os “tesouros” que poderão guardar.
 

A coordenadora dos Palácios do Governo Regional, Luísa César, explicou  que “era muito frequente” as casas mais abastadas terem o seu próprio cofre, onde eram guardados documentos importantes e outras peças de valor.

Embutido na parede da sala onde o atual presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, realiza as audiências no Palácio de Santana, em Ponta Delgada, está um cofre preto, de duas portas, que esteve encerrado durante décadas, apesar das várias tentativas para o abrir e descobrir o que lá tinha dentro.

Luísa César revelou que o primeiro presidente do executivo dos Açores, Mota Amaral, tinha deixado um papel com o segredo do cofre quando abandonou o cargo, mas por estar avariado de nada serviu.

Seguiram-se “várias tentativas com soluções locais, serralheiros e pessoas que pensavam que era fácil, mas sempre foi muito difícil”, afirmou, acrescentando que “só em 2007, através da empresa Chaves do Areeiro”, em Lisboa, foi possível abrir o cofre, produzido pela antiga Fábrica Portugal, localizada na Praça dos Restauradores.

Sem esconder a deceção, Luísa César revelou que dentro do cofre estavam apenas “papeis, envelopes e algumas moedas do centenário da autonomia”, pondo por terra o imaginário criado de que guardava “uma arca do tesouro”.

“O Dr. Mota Amaral refere e com graça que muitas vezes imaginou que o palácio tivesse sido construído à volta do cofre e não o contrário”, disse Luísa César, que estimou em dez mil euros o valor do móvel, que “está em perfeito estado”.

“Isto é um cofre dos anos 20. Terá sido instalado aqui pelo marquês Jácome Correia nessa altura, em que fez muitas obras”, precisou, acrescentando que o palácio contém “muitas outras peças de valor incalculável”, como um menino Jesus em marfim, com 10 centímetros, uma peça do século XVI, que está guardada dentro de uma caixa, onde também estava o papel com o segredo do cofre.

O Palácio de Santana, onde atualmente funciona a sede da Presidência do Governo dos Açores, foi adquirido pela região em 1980 aos descendentes do marquês Jácome Correia, um edifício de estilo neoclássico inglês já classificado como Monumento Regional, que ficou concluído em 1866.

Também no Palácio da Conceição, em Ponta Delgada, onde funcionam diversos serviços do Governo Regional, existe um cofre mais pequeno, “que funcionou até há pouco tempo”, segundo Luísa César.

Também na delegação do parlamento açoriano na ilha de S. Miguel há um cofre preto, de porta única, que permanece encerrado há vários anos, sem que ninguém saiba ao certo o que poderá guardar.

A peça, deixada pelos antigos proprietários quando venderam o imóvel, está no gabinete da representação comunista e “desperta muita curiosidade”, tendo o deputado Aníbal Pires admitido à Lusa que já tem levado pessoas ao gabinete para verem o cofre “numa espécie de roteiro cultural”.

“Desde que entrei para o parlamento e que me foi atribuído este gabinete que me lembro de ter este cofre. Sempre achei muito interessante”, confessou Aníbal Pires, que ironicamente acredita que o móvel guardará “a solução financeira para os problemas da região”.

O deputado do PCP referiu que já abordou a nova presidente do Parlamento Regional, Ana Luís, no sentido de mandar abrir o cofre para, finalmente, se desfazer o segredo.

 

Lusa

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