O director do Museu de Angra do Heroísmo, Jorge Bruno, confirmou à Lusa a intenção de criar naquele imóvel o Núcleo de História Militar Baptista de Lima, para expor a colecção de fardas militares que a instituição possui.
“Esta colecção inclui exemplares que vão desde uniformes militares ingleses de finais do século XIX até um norte-americano que esteve na Guerra do Golfo, nos anos 90 do século XX”, afirmou Jorge Bruno.
Na sua perspectiva, os cerca de 1.200 uniformes fazem desta colecção “a maior do país e uma das maiores da Europa”.
O museu, além das fardas militares, possui ainda um espólio de material de comunicações e uma quantidade considerável de armas, mochilas, cantis e outros objectos de uso militar.
A criação deste núcleo expositivo surge na sequência da recente assinatura de um protocolo entre o Ministério da Defesa e o Governo Regional dos Açores, que prevê a cedência de vários imóveis, entre os quais o antigo Hospital da Boa Nova.
Jorge Bruno salientou que o objectivo é instalar nesta antiga unidade hospitalar “uma exposição de longa duração (até sete anos), exposições temporárias e espaços para reservas de espólio”.
“Nós temos ideias claras sobre o que queremos, mas aguardamos instruções da tutela (Direcção Regional da Cultura) para avançar com a elaboração do projecto”, afirmou.
O director do museu salientou que “vão ser necessários obras de recuperação e adaptação do edifício”, mas alertou que essa intervenção terá que “respeitar a sua traça original”.
“Toda a cobertura e adaptações interiores devem respeitar a volumetria e arquitectura, pelo que será a colecção a adaptar-se ao edifício e não o contrário”, defendeu o responsável do Museu de Angra do Heroísmo.
O imóvel da Boa Nova é “o mais antigo hospital militar construído de raiz em Portugal” e, muito provavelmente, “o mais antigo do mundo”, segundo Jorge Bruno.
Foi mandado edificar pelos espanhóis por volta de 1615 para apoio e tratamento dos militares aquartelados no Castelo de S. Filipe, no Monte Brasil.
Na mesma altura, anexa ao hospital, foi edificada, uma pequena uma capela de invocação a Nossa Senhora da Boa Nova, onde pregou o padre António Vieira na viagem de regresso do Brasil a Lisboa.
O seu nome, segundo investigadores, deriva do facto de ter sido a partir deste local que foi dada a ‘boa nova’, que rapidamente se espalhou por toda a ilha, quando em 1642 foi proclamada a rendição castelhana.
O imóvel, classificado de Interesse Público, deixou de ser utilizado para fins militares no início da década de 90 do século passado.
Lusa