Comerciant​es de Ponta Delgada contra transferên​cia de instituiçã​o que apoia toxicodepe​ndentes

Os comerciantes da baixa de Ponta Delgada estão contra a instalação no centro histórico da cidade de uma instituição que apoia toxicodependentes, tendo enviado um abaixo-assinado a diversas autoridades locais e regionais.
O documento foi assinado “pelos comerciantes todos da baixa”, já foi entregue na Câmara de Comércio de Ponta Delgada e seguirá também para o Governo Regional dos Açores, disse à agência Lusa Carlos Sá, proprietário de um estabelecimento comercial na cidade.
Carlos Sá integrou um grupo de comerciantes, “mais de 40”, que hoje, ao final da tarde, pediram para ser recebidos pelo presidente da câmara de Ponta Delgada, José Manuel Bolieiro, por causa desta questão.
Em causa está a instalação no centro da cidade da ARRISCA, que apoia toxicodependentes e a à qual o Governo os Açores deu a exclusividade de assegurar os programas de substituição de drogas por metadona.
No final da reunião na câmara de Ponta Delgada, Carlos Sá e Aboobakar Choonara, outro dos comerciantes que integrou o grupo, explicaram à Lusa que se opõem à instalação da ARRISCA no centro histórico da cidade por questões de segurança, por estar em risco a imagem para os turistas e, “acima de tudo”, por causa da falta de privacidade que terão os próprios utentes da instituição.
Os dois destacaram que falam com “conhecimento de causa”, uma vez que no local onde está instalada hoje a instituição, há “mau ambiente em redor” e isso será “transposto” para o centro da cidade.
 “Não estamos contra a instituição ou os utentes”, sublinhou Aboobakar Choonara, acrescentando que aquilo que está em causa é que “o ambiente” que se vai criar na zona “não é o mais propício ao comércio e à imagem da cidade”, até porque a ARRISCA ficará próxima do cais de cruzeiros de Ponta Delgada.
Porém, acrescentou, “o principal argumento” são “os próprios utentes” e o direito que têm à privacidade, sublinhando que serão expostos “no meio da cidade”.
Também o presidente da Câmara de Ponta Delgada disse, na semana passada, estar “muito preocupado” com a instalação no centro da cidade da ARRISCA.
Para José Manuel Bolieiro, esta não é uma “boa opção para o centro histórico de Ponta Delgada porque vai aumentar o sentimento de insegurança”, vai prejudicar os comerciantes e, “acima de tudo”, não é o melhor para quem recorre a esses programas, por não assegurar “confidencialidade nem tranquilidade”.
O autarca defendeu a utilização do espaço que foi construído na Casa de Saúde de S. Miguel com o objetivo inicial de ser destinado a este tipo de tratamentos.
A sede da Associação Regional de Reabilitação e Integração Sociocultural dos Açores (ARRISCA) vai mudar-se no início de junho para a rua do Aljube de Ponta Delgada, para o antigo edifício do Tribunal de Família e Menores, segundo a presidente da direção, Suzete Frias, citada pelo “Açoriano Oriental” de 09 de maio.
Segundo a responsável, a ARRISCA recebe cerca de 300 pessoas por dia e “esta foi a melhor solução” encontrada “no mercado” de forma a “permitir oferecer uma melhor qualidade no atendimento de quem procura a instituição”.
Suzete Frias admitia que poderia surgir “alguma resistência”, inicialmente, por parte dos comerciantes: “Quando existe uma mudança é natural que exista alguma resistência, mas se houver calma e derem tempo para provarmos que não vamos desestabilizar a cidade, será uma resistência que vai durar poucos dias”, afirmou.

 

Lusa

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