A associação pretende encontrar formas de aumentar as receitas dos produtores através da promoção turística.
A Confraria do Ananás nasceu ontem numa cerimónia realizada no salão nobre da Junta de Freguesia da Fajã de Baixo.
A escritura da confraria do Ananás foi assinada na presença de dezenas de convidados, que vieram testemunhar um momento histórico para a defesa e promoção do ananás, considerado o rei dos frutos, numa cerimónia que decorreu precisamente em dia de Reis.
Hermínio Miranda, presidente da comissão instaladora da Confraria do Ananás dos Açores, sublinhou durante a conferência de imprensa que “as pessoas sentem que esta associação, que se acaba de constituir, poderá ser um importantíssimo instrumento na defesa deste fruto rei, em toda a actividade económica, social e cultural do mesmo, sobretudo nos concelhos de Ponta Delgada, Lagoa e Vila Franca do Campo”.
Os objectivos apresentados pela confraria do Ananás visam transformá-la numa “entidade defensora, orientadora, promotora e controladora da actividade económica associada à promoção e comercialização do Ananás dos Açores”.
No entanto, para a execução destes objectivos torna-se fundamental para a associação garantir o maior número possível de associados, através de pessoas singulares e colectivas, para garantir representatividade.
“Em conjunto poderemos e saberemos definir as estratégias e políticas para este sector de actividade”, defendeu o líder da confraria.
Hermínio Miranda destacou as alterações efectuadas ao longo dos últimos quarenta anos no Ananás dos Açores, que provocaram grandes mudanças nos processos de produção e comercialização do Ananás.
Também ao nível dos mercados de referência, deixaram de ser em toda a Europa, virando-se apenas para o mercado nacional.
O presidente da associação comentou que “a sobrevivência no mercado consegue-se com racionalidade económica, desenvolvendo as melhores políticas para que as actividades económicas sejam rentáveis”.
Hermínio Miranda aproveitou para sublinhar que o mercado “não alimenta insuficiências e os subsídios não se destinam a alimentar insuficiências ou são eternos. Os subsídios destinam-se a ajudar uma actividade ou sector económico a adaptar-se a uma nova realidade de mercado”, indicando que os fundos provenientes da União Europeia devem ser convenientemente aproveitados pelos produtores de Ananás dos Açores.
Apesar do actual cenário de crise financeira a confraria do Ananás vai “discutir formas complementares de rentabilização das explorações agrícolas, através da promoção turística”, permitindo aumentar as receitas das explorações e divulgar o Ananás dos Açores.
Hermínio Miranda reforçou a ideia que a produção de ananás nos Açores poderá continuar a ser rentável e pediu aos produtores para acreditarem no mérito do seu trabalho.
“Acreditamos que o Ananás dos Açores tem futuro e o mesmo depende apenas do nosso trabalho e capacidade. Temos de mudar as nossas mentalidades e acreditar que somos capazes de fazer progredir a nossa actividade”, destacou.
Primeiro confrade honorário
A cerimónia de apresentação da confraria também serviu para anunciar o nome do primeiro confrade honorário da associação, que será João Carlos Macedo, antigo presidente da Junta de Freguesia da Fajã de Baixo, pelo esforço realizado ao longo dos últimos anos em defesa do Ananás.
“Ao longo de toda a vida empenhou-se na defesa do Ananás dos Açores, tendo promovido a aplicação de um decreto que visa a protecção da cultura do ananás e proíbe a destruição de estufas. Se não existisse esta lei a freguesia da Fajã de Baixo estaria completamente descaracterizada”, argumentou Hermínio Miranda.
A confraria do Ananás dos Açores anunciou ainda que vai tentar que a freguesia da Fajã de Baixo seja “um museu vivo do Ananás na Região”, servindo como local de divulgação da história e cultura deste fruto.
in AOriental / Luís Pedro Silva