No ano de (quase) todas as eleições, o PSD/Açores começa 2009 com os olhos postos em 2012, altura em que os açorianos vão ser chamados a escolher um novo Parlamento e, consequentemente, um novo Governo Regional.
“É para isso que estamos a arregaçar as mangas”, declara Berta Cabral, na única moção global de estratégia que é apresentada aos 367 delegados no Coliseu Micaelense, em Ponta Delgada.
Presumindo o cumprimento da totalidade do ciclo político e o fim das lideranças a prazo naquele que é o maior partido da oposição, caberá a Berta Cabral defrontar, então, a candidatura socialista, ainda sem nome.
Até lá e apesar de acentuado o ‘timing’ de 2012, a nova liderança vai, contudo, ter que enfrentar sucessivas eleições: europeias, legislativas nacionais e autárquicas. Nestas últimas Berta Cabral protagoniza a corrida à maior câmara dos Açores, a que preside há dois mandatos e à qual garantiu que se recandidatava.
Conseguir os melhores resultados nas urnas retirando dividendos das vitórias e não permitindo que as derrotas desestabilizem o partido e/ou questionem a liderança, é o desiderato que tem este ano pela frente.
Isto além de não descurar a almejada unidade num PSD geneticamente diversificado e sobre o qual a ‘orfandade’ de Mota Amaral, múltiplas lideranças e o longo período afastado do poder regional provocaram brechas.
“Assumimos o nosso passado, mas agora o que nos interessa é tratar do futuro”, afirma a nova líder no documento de 24 páginas que titulou “Mãos à Obra… pelos Açores”, numa alusão ao slogan com que tem gerido Ponta Delgada. Simultaneamente, também, o partido vai precisar – tendo em vista a meta de 2012 -, de implementar uma estratégia de oposição ao PS : na Assembleia Legislativa Regional e fora dela.
Por tudo isto, e sob todos os holofotes que não só os mediáticos e os dos adversários partidários, a líder eleita com mais de 90 por cento dos votos expressos nas segundas directas do PSD/Açores, em Dezembro último, apostou em apresentar a votos na reunião magna deste fim-de-semana – onde vai defender também a abertura à sociedade civil -, uma equipa directiva que obedecesse às premissas “renovação, paridade, inclusão e a não acumulação excessiva de cargos“ dirigentes por parte dos mesmos protagonistas nos diferentes órgãos.
Desde logo – apurou o Açoriano Oriental -, renovando mais de metade dos nomes que vão integrar a Comissão Política Regional. Ou seja, a nova equipa directiva. Mais jovens e mulheres assim como estreias em funções directivas, caracterizam as escolhas que obedeceram ainda à diversidade de formações.
Além de Humberto Melo, o ex-presidente da Assembleia Regional que nos últimos anos tem estado afastado da vida partidária activa, para o cargo de secretário-geral do PSD/A, Berta Cabral chamou Luís Maurício para uma das vice-presidências.
O médico, especialista em reumatologia do Hospital de Ponta Delgada, ascende assim da Comissão Política de Ilha de São Miguel para a ribalta da política.
José Manuel Bolieiro – convidado para a outra vice-presidência -, quis “dar ele próprio o exemplo” sobre a não acumulação de cargos. Reconhecida a sua dedicação ao partido foi pressionado por várias lideranças a manter-se, e o deputado e vice-presidente da bancada parlamentar recusou.
Jorge Macedo, até à data secretário-geral, deputado, era ontem entre as hostes laranja ventilado como provável para a coordenação eleitoral.
“Não ganhamos eleições só com o PSD”
“Não é um programa de governo” diz Berta Cabral sobre a moção global de estratégia de que é primeira subscritora. A nova líder social democrata vai explicar para dentro e fora do congresso que este documento é uma “bandeira” que quer “erguer para motivar o PSD e espalhar esperança pelos açorianos”.
Vai também repetir o que defendera aquando da sua candidatura: “Não ganhamos eleições sem o PSD. Mas não ganhamos eleições só com o PSD”.
Contudo e apesar da renovação que queria e o partido clamava, dissipa dúvidas: “Renovação não é dispensar quem é útil. É acrescentar quem faz falta”.
No documento, Berta Cabral não ignora o calendário eleitoral. Apesar da meta de 2012 (ler peça principal), diz que quer ajudar o PSD nacional e manter a supremacia autárquica na Região.
Mota Amaral e Joaquim Ponte são dados como certos à Assembleia da República, onde são deputados. E para as Europeias, Berta Cabral já terá garantida inclusão nas listas do candidato pelo partido nos Açores e que será novamente Duarte Freitas.
Durante o congresso serão discutidas oito propostas temáticas, subscritas por vários militantes, nomeadamente “Por uma Escola de Excelência”, cujo primeiro subscritor é Jaime Jorge, “A ruralidade Açoriana – Um trunfo para o progresso dos Açores”, por António Ventura, “Novas Bandeiras – O mesmo desígnio”, por Ricardo Pacheco, “Dar espaço aos Jovens”, por Cláudio Almeida, “FaSer Diferente”, por Clélio Meneses, “Para uma Refundação da Autonomia Açoriana”, por Carlos Amaral, “Comunicar Ousar Arriscar”, por Paulo Ribeiro, e “Construir a Esperança”, por Rui Ramos.
Do total de delegados ao congresso, 232 foram eleitos nas nove ilhas da região, enquanto outros 135 estão presentes na reunião magna por inerência.
A sessão de abertura do congresso está marcada para as 19 horas, começando a credenciação a ser feita três horas antes. O encerramento tem lugar a partir das 12 horas de domingo, onde vai estar presente a líder nacional, Manuela Ferreira Leite.
in AOriental / Olímpia Granada