O presidente do Conselho Geral da Cidadania no Exterior espanhol demitiu-se menos de uma semana após ter sido nomeado por ter dito publicamente que “as leis são como as mulheres, existem para serem violadas”, foi hoje noticiado.
José Manuel Castelao Bragaña anunciou a sua demissão poucas horas depois da difusão nos media da frase que pronunciou na quarta-feira, numa reunião do conselho em Santiago de Compostela, noticiou hoje o El País.
A renúncia, segundo um porta-voz do ministério do Emprego, já chegou ao Conselho da Cidadania Exterior.
Castelao Bragaña, de 71 anos, tinha sido nomeado na segunda-feira e assegurou ao jornal que a sua renúncia não estava relacionada com o comentário que proferiu.
No seu segundo dia no cargo, José Manuel Castelao Bragaña estava na reunião a reclamar a ata da mesa da Educação e Cultura, à qual faltava um voto para formalizar o documento.
“Não faz mal. Há nove votos? Ponham dez… As leis são como as mulheres, são para ser violadas”, disse, segundo as pessoas que estiveram na reunião.
Alguns membros da comissão ficaram atónitos e escreveram ao diretor geral das Migrações a exigir que Castelao Bragaña pedisse desculpas públicas.
“Ninguém me pediu a renúncia. Tenho uma situação pessoal pela qual não posso continuar no cargo. Não está relacionado com o sucedido, embora seja verdade que tudo conta”, explicou, por telefone, ao jornal.
Castelao Bragaña reconhece o ocorrido, mas considera que foi mal interpretado.
“Citei a frase, reconheço, mas com o sentido inverso, embora não possa atribuir a outro uma responsabilidade que é minha”, disse, por telefone ao El País.
“Sinto muito. Lamento profundamente o que ocorreu. E duplamente: pelos que a escutaram, quase todas mulheres, porque lhes causei dor e por mim, e porque construi um edifício que me caiu em cima”, acrescentou.
É a segunda vez que o advogado galego, de 71 anos, que foi deputado do PP no parlamento da Galiza entre 2005 e 2009, presidiu a este organismo, que agrupa os espanhóis que vivem no estrangeiro, de forma a garantir o seu voto em eleições ou a sua participação na administração pública.
A sua nomeação foi proposta pela ministra do Emprego, Fátima Báez, e votado depois por unanimidade pelo conselho.
O seu mandato, que deveria durar quatro anos, não chegou a durar uma semana.
Segundo explicações do ministério do Emprego, a ministra nem teve tempo de assinar o seu despacho de nomeação.
Lusa