Consumo de ecstasy provoca danos graves no cérebro

pastilhasA partir desta terça-feira, os alunos das três escolas secundárias de Ponta Delgada vão assistir a uma campanha de sensibilização denominada “Põe-te a milhas das pastilhas”, criada pelos cientistas do Instituto Biomolecular e Celular da Universidade do Porto.
Teresa Summavielle e Pedro Melo, dois investigadores deste projecto, concluíram que o consumo de ecstasy é bastante nefasto, sobretudo durante a adolescência, pelos danos causados no cérebro, com a destruição de neurónios. “Os efeitos da ecstasy fazem aumentar a euforia e o bem-estar, mas o que nos preocupa são os efeitos a longo prazo, porque os neurónios vão ser obrigados a trabalhar acima das suas capacidades durante o período de consumo, resultando no esgotamento da capacidade de produzir energia, começando a degenerar”, explicou ao AO online a investigadora do Instituto do Porto. O projecto “Põe-te a milhas das pastilhas” pretende explicar de uma forma científica, aos alunos do 9º ano, os efeitos do consumo regular de ecstasy. “O que acontece é que a comunicação entre os neurónios vai desaparecer e quando isso acontece os cérebros deixam de ser funcionais”, frisa. Na prática, o consumo de ecstasy resulta no “aumento das depressões, desmotivação, falta de concentração e memorização, problemas sociais associados a paranóias e teorias de perseguição”, destaca a investigadora do Instituto Biomolecular e Celular da Universidade do Porto. As pastilhas de ecstasy, inicialmente foram conhecidas como a droga do amor, pelo seu efeito desinibidor, mas actualmente está provado que, a longo prazo, faz diminuir a líbido.

A nível da escola, o consumo da droga provoca “insucesso escolar” porque “geralmente quem procura consumir drogas já apresenta problemas, que se agravam a muitos níveis fisiológicos e sociais, o que provoca ainda problemas com criminalidade juvenil e aumenta os custos para o sistema de saúde porque aumenta o número de consultas nos centros de apoio à toxicodependência”, sublinha. Teresa Summavielle explica que a forma como apresenta a informação aos estudantes é factual, não promovendo “nenhuma atitude de moralização ou intimidação. Nós mostramos os dados científicos e cada um toma a sua decisão sobre o que pretende fazer”, frisa.

 

O projecto é destinado a alunos do 9º ano, tendo sido apresentado a cerca de seis mil estudantes em Portugal Continental, sendo efectuado pelo facto de “ser o último ano do ensino escolar obrigatório e abranger grande parte dos consumidores”. A ecstasy é consumida, essencialmente, em discotecas ou festas de dance music”.

O cientista Pedro Melo, natural da ilha de São Miguel e que se encontra há 19 anos no Porto, revela que “quando era jovem não havia conhecimento sobre este tipo de drogas. Penso que este tipo de drogas surgiu com o aparecimento da internet e aumento das viagens para os Açores”. O Instituto Biomolecular e Celular da Universidade do Porto iniciou o estudo sobre os efeitos do consumo de ecstasy há cinco anos, estando a promover acções de sensibilização em várias localidades dos arredores do Porto. Em Ponta Delgada, a primeira escola a receber uma acção de sensibilização dos cientistas será a Escola Secundária Domingos Rebelo. Domingos Neto representante do Conselho Executivo, explicou que “na escola não existe nenhum projecto dedicado só a esta problemática, no entanto tem outros projectos mais interdisciplinares que abordam este assunto, relacionando-o com a educação afectivo-sexual, por exemplo”, concluiu.

O presidente da Associação Ilhas em Movimento, Ricardo Pacheco, considera que a droga “é o maior problema de saúde pública nos Açores”. O responsável pela entidade promotora deste evento destaca a existência “diariamente de julgamentos de casos de tráfico de drogas, as clínicas de recuperação estão cheias, o aumento do índice de criminalidade é assustador” e que por isso a associação vai apostar em acções de prevenção. “É um contributo da sociedade civil, porque não podemos esperar que as entidades públicas façam tudo.

 

A sociedade civil deverá trabalhar no sentido da resolução dos problemas da comunidade”, sintetizou Ricardo Pacheco. Filomena Semião, coordenadora dos directores de turma da Escola Secundária Domingos Rebelo, explicou que esta iniciativa “causa um importante impacto a médio e longo prazo”, referindo que este projecto vai abranger nove turmas do 9º ano.

 

 

 

 

Luís Pedro Silva (in AOriental)

Pub

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here