A nível da escola, o consumo da droga provoca “insucesso escolar” porque “geralmente quem procura consumir drogas já apresenta problemas, que se agravam a muitos níveis fisiológicos e sociais, o que provoca ainda problemas com criminalidade juvenil e aumenta os custos para o sistema de saúde porque aumenta o número de consultas nos centros de apoio à toxicodependência”, sublinha. Teresa Summavielle explica que a forma como apresenta a informação aos estudantes é factual, não promovendo “nenhuma atitude de moralização ou intimidação. Nós mostramos os dados científicos e cada um toma a sua decisão sobre o que pretende fazer”, frisa.
O projecto é destinado a alunos do 9º ano, tendo sido apresentado a cerca de seis mil estudantes em Portugal Continental, sendo efectuado pelo facto de “ser o último ano do ensino escolar obrigatório e abranger grande parte dos consumidores”. A ecstasy é consumida, essencialmente, em discotecas ou festas de dance music”.
O cientista Pedro Melo, natural da ilha de São Miguel e que se encontra há 19 anos no Porto, revela que “quando era jovem não havia conhecimento sobre este tipo de drogas. Penso que este tipo de drogas surgiu com o aparecimento da internet e aumento das viagens para os Açores”. O Instituto Biomolecular e Celular da Universidade do Porto iniciou o estudo sobre os efeitos do consumo de ecstasy há cinco anos, estando a promover acções de sensibilização em várias localidades dos arredores do Porto. Em Ponta Delgada, a primeira escola a receber uma acção de sensibilização dos cientistas será a Escola Secundária Domingos Rebelo. Domingos Neto representante do Conselho Executivo, explicou que “na escola não existe nenhum projecto dedicado só a esta problemática, no entanto tem outros projectos mais interdisciplinares que abordam este assunto, relacionando-o com a educação afectivo-sexual, por exemplo”, concluiu.
O presidente da Associação Ilhas em Movimento, Ricardo Pacheco, considera que a droga “é o maior problema de saúde pública nos Açores”. O responsável pela entidade promotora deste evento destaca a existência “diariamente de julgamentos de casos de tráfico de drogas, as clínicas de recuperação estão cheias, o aumento do índice de criminalidade é assustador” e que por isso a associação vai apostar em acções de prevenção. “É um contributo da sociedade civil, porque não podemos esperar que as entidades públicas façam tudo.
A sociedade civil deverá trabalhar no sentido da resolução dos problemas da comunidade”, sintetizou Ricardo Pacheco. Filomena Semião, coordenadora dos directores de turma da Escola Secundária Domingos Rebelo, explicou que esta iniciativa “causa um importante impacto a médio e longo prazo”, referindo que este projecto vai abranger nove turmas do 9º ano.
Luís Pedro Silva (in AOriental)