Cortes nos apoios a investigad​ores são retrocesso – reitor da Universida​de dos Açores

O reitor da Universidade dos Açores afirmou hoje que qualquer corte nos apoios e bolsas aos estudantes de doutoramento constitui um retrocesso, apesar de ter a garantia do Governo Regional de que este ano estão todos assegurados.
“Qualquer apoio que seja dado a esses estudantes do terceiro ciclo vai fazer com que a investigação e a Universidade dos Açores se possam desenvolver no futuro. Por isso mesmo, qualquer corte que é dado aos estudantes de doutoramento com certeza que constitui um retrocesso”, afirmou Jorge Medeiros aos jornalistas.
O reitor falava após ter sido ouvido na comissão parlamentar de Assuntos Sociais do Parlamento dos Açores, em Ponta Delgada, sobre uma petição promovida pelo Bloco de Esquerda contra “o desmantelamento” do sistema científico da região.
“A investigação que é efetuada pela Universidade dos Açores deve ser cada vez mais incrementada e o financiamento direcionado para uma investigação com interesse para o desenvolvimento da região”, disse Jorge Medeiros, reconhecendo que se não houvesse apoios haveria realmente um desmantelamento do sistema científico no arquipélago.
No início de fevereiro, o secretário regional da Educação dos Açores, Luíz Fagundes Duarte, garantiu que as verbas destinadas aos bolseiros de investigação da região para 2013 vão ser asseguradas na sua totalidade, ressalvando, contudo, que os critérios para atribuição de bolsas vão ser revistos.
Por outro lado, Fagundes Duarte já admitiu que a região pode deixar de pagar propinas aos investigadores, por uma questão de “justiça social”, sublinhando que as propinas são um “bónus” e não são pagas aos bolseiros no continente.
De acordo com a informação obtida por Jorge Medeiros junto da Secretaria Regional da Educação, os apoios estão garantidos e o que tem havido é um atraso, porque o decreto lei da execução do orçamento ainda não foi publicado.
Para a deputada e líder regional do Bloco de Esquerda, Zuraida Soares, “não é possível fazer ciência e investigação quando se está numa precariedade absoluta e em que não se sabe o que o próximo ano letivo nos vai trazer”.
“É essa circunstância global de que a situação e o episódio dos bolseiros é o epílogo infeliz que nos preocupa e que queremos discutir e perceber exatamente com o que é que a região pode contar”, afirmou Zuraida Soares, à margem da comissão parlamentar.
A deputada bloquista manifestou, também, preocupação com o desinvestimento do próprio Governo Regional ao nível dos bolseiros, investigadores, mestrandos e doutorandos, alegando que isto “põe em causa um discurso correto de aposta na qualificação” dos recursos humanos, “em dar a esta região capacidade crítica, massa cinzenta, a competência que ela exige para o seu desenvolvimento e para o seu progresso”.

 

Lusa

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