O primeiro-ministro admitiu hoje um modelo de Europa a várias velocidades, dizendo que “Portugal estará na linha da frente”, mas recusou lógicas de exclusão ou periferização de países e “fugas em frente” sem se consolidar o euro.
Estas posições foram transmitidas por António Costa num almoço no âmbito de um seminário económico luso-francês, na Culturgest, em Lisboa, num discurso de cerca de 30 minutos que proferiu perante o ministro das Finanças e da Economia de França, Michel Sapin.
Na sua intervenção, o líder do executivo português referiu-se aos cinco cenários constantes no Livro Branco recentemente apresentado pela Comissão Europeia sobre o futuro da União Europeia, dos quais se demarcou logo da perspetiva mais minimalista de o espaço europeu se limitar a prazo a um mercado único interno.
De acordo com o primeiro-ministro, “entre o retrocesso e o federalismo, há cenários de compromisso” possíveis para o futuro da União Europeia, e o Governo português até admite um cenário de evolução a várias velocidades, ou de geometria variável.
“Temos estado sempre na linha da frente do aprofundamento do projeto europeu, não tememos por isso várias velocidades ou geometrias variáveis. Gostávamos que os 27 [Estados-membros] pudessem avançar em conjunto, mas admitimos que pode ser preferível avançar só alguns do que ficarmos todos paralisados”, disse.
No entanto, António Costa advertiu logo a seguir que “há uma coisa que é certa: Quando avançarmos, nós estaremos presentes, porque Portugal está em Schengen, está no euro e estará sempre na linha da frente do projeto europeu”.
Perante esse cenário de a Europa evoluir a várias velocidades, com uma geometria variável, o primeiro-ministro traçou algumas linhas vermelhas.
“Essa evolução não pode ser acompanhada por desinvestimento em políticas sociais e de coesão, nem poderá significar uma fratura na zona euro ou relegar Estados para posições periféricas”, avisou António Costa.
António Costa também se insurgiu contra correntes que “pretendem uma fuga em frente” no espaço da zona euro, “sem antes se consolidar o euro e aprofundar-se a União Económica e Monetária (UEM).
Lusa