Costa aponta “barafunda nos Açores” como ensaio do que PSD pretende fazer no país

Foto: Paulo Vaz Henriques Arquivo 2021

O primeiro-ministro considerou hoje que a barafunda política criada pelo PSD nos Açores, com arranjos políticos com Iniciativa Liberal e Chega, é um ensaio geral do que pretende também fazer no continente após as legislativas.
Esta posição foi defendida por António Costa em entrevista à TVI, poucas horas depois de o Conselho de Estado se ter reunido e o Presidente da República ter decretado a dissolução do parlamento açoriano, convocando eleições regionais antecipadas para 04 de fevereiro.
“Não acredito em nenhuma solução estável que não tenha por base o PS, porque acho, como aliás vimos hoje com o fiasco da solução tentada por aquela barafunda que a direita organizou nos Açores”, declarou.
De acordo com o líder do executivo, “a solução com base em arranjos entre o PSD, a Iniciativa Liberal, o Chega, o PPM, o CDS nem três anos durou” nos Açores.
“Portanto, aquilo foi um ensaio geral do que o PSD pretende fazer a nível nacional. Não queiramos imaginar que vamos sair das eleições de março com uma barafunda idêntica àquela que fizeram agora nos Açores. Foi um ensaio geral, foi um fiasco. Convém não repetir”, advertiu.
Para o ainda líder dos socialistas, “a única solução estável possível nas próximas eleições de 10 de março é uma solução que tenha por base o PS”.
A seguir, o primeiro-ministro visou o presidente do PSD, Luís Montenegro.
“Cada vez que ouço o líder do PSD falar sobre o futuro só ouço palavras do passado e só vejo gente do passado. Isso é o que me impressiona bastante”, disse, antes de fazer uma alusão ao recente congresso dos sociais-democratas em Almada.
“Como é que ao fim destes anos todos o melhor que têm para dar de energia ao partido é ir buscar o professor Cavaco Silva para animar o PSD? Isso é que me deixa apoquentado sobre o futuro da dinâmica e da capacidade de alternativa democrática em Portugal”, completou.
Interrogado se espera estar ativo na próxima campanha eleitoral, apesar de já não ser então secretário-geral do PS, António Costa mostrou-se disponível para fazer a campanha que o futuro líder do partido entenda.
“Há uma coisa sobre a qual eu não tenho as menores dúvidas: a boa solução para o futuro Governo de Portugal é dar continuidade a este processo de mudança que iniciámos em 2015, e isso implica um Governo do PS e é um Governo do PS que consegue gerar estabilidade. Temos neste momento, felizmente, dois candidatos à liderança do PS [Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro], sendo que eu, como é sabido, sou neutro nessa escolha”, repetiu.
No entanto, sobre o seu sucesso no cargo de secretário-geral do PS, afirmou ter uma certeza. “Qualquer um deles tem muito mais experiência, muito mais competência e assegura muito melhores qualidades de governação do que o líder da oposição”, advogou.
Interrogado sobre o facto de Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro estarem a propor novas medidas para os professores – um setor profissional a quem o seu Governo rejeitou a recuperação total do tempo de serviço congelado -, o primeiro-ministro discordou de que se trate de jogo político.
“Neste momento, é normal que o PS olhe, faça um balanço do que é que correu bem, o que é que correu mal, o que é que não fizemos e podíamos fazer, que novos problemas é que existem e que exigem novas repostas, que novas abordagens devemos ter. Portanto, acho perfeitamente normal e nada me incomoda que o PS eleja um líder que defenda coisas diversas daquelas que eu defendo”, declarou.
António Costa acrescentou que, a partir do próximo dia 17, com a eleição de um novo líder, será “um militante base do PS”.
“Espero que o PS tenha orgulho destes oito anos de governação. Faço uma avaliação globalmente positiva, mas há necessidade de escolher novos caminhos”, acrescentou.

 

 

Lusa

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