O primeiro-ministro considerou hoje que os Açores, tendo uma posição central no Atlântico Norte, devem assumir-se como plataforma científica internacional em áreas como a meteorologia, vulcanologia e oceanografia, reorientando a sua cooperação com os Estados Unidos.
António Costa falava na ilha Graciosa no final de uma visita ao Observatório de Investigação Climática do Atlântico Norte – estação de investigação científica que funciona em cooperação com o Departamento de Energia dos Estados Unidos e que estuda o fenómeno de formação das nuvens a partir da interação do oceano com a atmosfera.
Um estudo que se considera muito importante para a compreensão de fenómenos como o efeito de estufa e as alterações climáticas.
“Esta estação é um excelente exemplo da cooperação científica que já existe entre entidades portuguesas e os Estados Unidos para utilização dos Açores como plataforma científica. Além da meteorologia, há outras temáticas como a vulcanologia ou a oceanografia, em que os Açores têm uma posição única”, defendeu o primeiro-ministro no início do segundo de três dias de visita oficial à Região Autónoma dos Açores.
Com os ministros da Ciência, Manuel Heitor, e do Mar, Ana Paula Vitorino, na sua comitiva, António Costa defendeu a ideia de que a cooperação científica constitui “uma boa alternativa” em relação à tradicional cooperação militar entre Portugal e os Estados Unidos, tendo como base os Açores.
“Pode ser uma grande oportunidade para o desenvolvimento da cooperação com os Estados Unidos. Aproveitando instalações já existentes, deve haver uma reorientação da cooperação para outras áreas. Em matéria de estudo de fenómenos como as alterações climáticas, os Açores têm um posicionamento geográfico único – e esta é uma nova oportunidade que importa trabalhar em conjunto”, disse ainda o líder do executivo, que tinha ao seu lado o presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro.
O Observatório de Investigação Climática do Atlântico Norte, na ilha Graciosa, é o único instalado no Atlântico Norte para o estudo da formação de nuvens e considera-se no plano científico que possui uma localização ideal para a análise dos fenómenos climatológicos.
Este observatório, na ilha da Graciosa, que tem um equipamento científico avaliado na ordem dos 20 milhões de euros, situa-se na interceção entre as frentes polar do Norte e a tropical a Sul, o que permite fornecer dados importantes, quer ao nível quantitativo, quer qualitativo, para vários laboratórios do Estados Unidos.
Na visita, os cientistas desta estação queixaram-se aos membros do Governo do regime aduaneiro que é aplicado, o que leva as entidades norte-americanas a retirarem da ilha os seus equipamentos ao fim de quatro anos, para fugir ao pagamento do imposto.
A ideia desta comunidade científica é que o Governo permita a existência de um regime especial aduaneiro aplicável a equipamento científico.
Lusa