Covid-19 | São Pedro e São Sebastião com medidas de alto risco entre elas o recolher obrigatório

O Governo Regional dos Açores decidiu aplicar, a partir das 00:00 de sábado, medidas de alto risco de transmissão do novo coronavírus em duas freguesias do concelho de Ponta Delgada, São Pedro e São Sebastião, na ilha de São Miguel.

“Tendo em conta a análise da evolução epidemiológica que é efetuada dia a dia a cada freguesia e a cada concelho da região, tendo em conta também o número de novos casos por 100 mil habitantes nestas duas freguesias ao longo dos últimos sete dias, excecionalmente aplicar-se-ão as medidas de alto risco nestas duas freguesias”, adiantou hoje o diretor regional da Saúde, Berto Cabral, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.

O concelho de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, é o que apresenta risco mais elevado de transmissão nos Açores, atualmente, com um nível de médio alto risco, mas nestas duas freguesias as medidas serão ainda mais restritivas.

Neste sentido, em São Pedro e São Sebastião, passa a ser proibido circular na via pública entre as 20:00 e as 05:00 durante a semana e entre as 15:00 e as 05:00 ao fim de semana, sendo também encerrada toda a atividade comercial nesses períodos.

Os restaurantes e bares têm de encerrar às 15:00, podendo funcionar até às 22:00 em regime de entrega ao domicílio e ‘take away’, tendo uma lotação máxima de um terço da sua capacidade e um limite de quatro pessoas por mesa, exceto se pertencerem ao mesmo agregado familiar.

É também obrigatório o teletrabalho, sempre que possível, ou o desfasamento de horários, os funerais só podem ocorrer até às 20:00, durante a semana, e até às 15:00, aos fins de semana, e ficam encerrados ginásios, piscinas cobertas e casinos.

A freguesia de São Pedro tem atualmente mais de metade dos casos ativos de Ponta Delgada (51,6%), com 47 dos 91 casos ativos do concelho, sendo o “epicentro da situação epidemiológica em Ponta Delgada”, segundo o presidente da Comissão de Acompanhamento da Luta contra a Pandemia nos Açores, Gustavo Tato Borges.

“Em São Pedro, nos últimos sete dias tivemos o diagnóstico de 29 casos, 46,7% de todos os casos diagnosticados, na última semana, em Ponta Delgada, com uma taxa de incidência de 839 novos casos por 100 mil habitantes”, frisou.

Quanto à freguesia de São Sebastião, tem apenas seis casos ativos, quatro dos quais registados nos últimos sete dias, mas devido à “elevada proximidade” com São Pedro o executivo decidiu aplicar medidas iguais.

Segundo Gustavo Tato Borges, não se justifica a aplicação destas medidas noutras freguesias vizinhas, porque há uma circular que “funciona como barreira”, mas “tem havido um arrastamento” de casos de São Pedro para São Sebastião.

Questionado sobre a possibilidade de implementação de uma cerca sanitária naquela freguesia, o presidente da comissão de acompanhamento disse que esteve em cima da mesa, mas os técnicos entenderam que neste momento não se justificava.

“Não foi decidido não intervir com uma cerca sanitária porque é o centro nevrálgico da ilha de São Miguel, foi decidido não implementar essa medida porque para já não seria acertado implementar”, frisou.

A avaliação dos níveis de risco nos Açores tem por base um modelo alemão, de semáforos, e é calculado em função do número de novos casos por 100 mil habitantes num período de sete dias.

Existem cinco níveis de risco: muito baixo (menos de 25 casos por 100 mil habitantes), baixo (entre 25 e 49 casos por 100 mil habitantes), médio (entre 50 a 74 casos por 100 mil habitantes), médio alto (entre 75 e 99 casos por 100 mil habitantes) e alto (mais de 100 casos por 100 mil habitantes).

Na ilha de São Miguel, há dois concelhos em baixo risco (Ribeira Grande e Vila Franca do Campo) e três em muito baixo risco (Lagoa, Povoação e Nordeste), enquanto os restantes concelhos do arquipélago permanecem em muito baixo risco.

Os Açores têm atualmente 125 casos ativos de infeção pelo novo coronavírus que provoca a doença covid-19, dos quais 124 em São Miguel e um na Terceira.

Desde o início da pandemia foram diagnosticados na região 4.117 casos, tendo ocorrido 3.855 recuperações e 29 óbitos. Saíram do arquipélago sem terem sido dadas como curadas 67 pessoas e 41 apresentaram comprovativo de cura anterior.

 

Lusa

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