Crédito Agrícola vai encerrar algumas caixas

O Crédito Agrícola vai avançar com um processo de reestruturação interna, que implica o fecho por fusão de algumas caixas.

Em entrevista à Lusa, Licínio Prata Pina, que tomou posse em Janeiro, deu uma perspectiva do que pretende fazer no seu mandato de três anos à frente do Grupo Crédito Agrícola (CA), a começar por um processo de reestruturação interna do banco que é composto por 84 Caixas de Crédito Agrícola e pela Caixa Central. Uma reestruturação que implicará mesmo a fusão de algumas Caixas, adiantou.

“O que posso dizer é que Caixas com dificuldades económico-financeiras são cinco e temos de tomar decisões que passarão pela fusão delas com outras”, disse Licínio Pina, sublinhando que para isso o grupo não precisará de qualquer ajuda do Estado.

O responsável garantiu que a reorganização interna não implica qualquer programa de saída de trabalhadores, mas admitiu que serão feitos ajustamentos aos recursos humanos, eventualmente com propostas de reformas antecipadas.

“A saída de pessoal não se tem verificado nem temos o objectivo de prescindir de uma série de pessoas. O que acontece é que quando as Caixas são fundidas é necessário criar estruturas funcionais em que depois se acomodam as pessoas. Em todos aqueles que estão próximos da reforma são propostas soluções que não prejudiquem as pessoas”, afirmou o presidente do Crédito Agrícola, que tomou posse em Janeiro.

O grupo Crédito Agrícola tem vindo a reduzir o número de caixas espalhadas pelo país, que já foram mais de 100 e hoje são 84, estando a correr no Banco de Portugal o processo para a fusão da Caixa de Estarreja com a de Oliveira de Azeméis.

Paralelamente, Licínio Pina quer “fazer crescer” o Crédito Agrícola e para isso, disse, o banco tem de conceder mais crédito baseando-se nos níveis de “conforto” tanto em termos de capital (mais de 11% de rácio ‘core tier 1’ em 2012) como de liquidez (com um rácio de transformação de depósitos em crédito de 82%).

Mas há um obstáculo a este objectivo: a recessão económica que Portugal atravessa, admitiu o presidente do Crédito Agrícola. “Precisávamos é que a economia crescesse. Se crescer temos condições para financiar as empresas e particulares, apoiando-os nos seus projectos de desenvolvimento e contribuindo para o crescimento do país”, referiu.

Sobre como conseguirá o sétimo maior banco português competir com os designados ‘grandes’, tanto na captação de depósitos como de bons projectos a quem concedem crédito, Licínio Pina referiu que o banco está bem implantado nas zonas rurais, onde há uma elevada fidelização dos clientes.

Já mais difícil é a captação de novos clientes “e especialmente jovens”, pelo que tem como objectivo apostar em novas tecnologias para chegar a uma população mais jovem e urbana.

O grupo Crédito Agrícola é composto por 84 Caixas e pela Caixa Central, que articula e coordena as várias instituições locais. Tem 400 mil associados e 700 balcões em todo o país. Ainda segundo dados do próprio banco, tem uma quota de mercado de 5% nos depósitos e de 3% no crédito.

O banco obteve lucros de 42 milhões de euros em 2012, menos 21% do que no ano anterior.

 

 

Lusa

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