A Região da Macaronésia tem dois anos para mostrar se a cooperação entre os quatro arquipélagos do Atlântico Médio é um dos caminhos a seguir, convergiram hoje, em Cabo Verde, responsáveis dos Governos Regionais dos Açores e Madeira.
Em declarações à Agência Lusa, Rodrigo Oliveira, subsecretário regional para os Assuntos Europeus e Cooperação do Governo Regional dos Açores, e Francisco Fernandes, secretário regional da Educação da Madeira, salientaram a importância dos projetos que terão de definir-se até 2012, data da próxima cimeira, nas Canárias.
Rodrigo Oliveira e Francisco Fernandes participaram hoje, no Mindelo (ilha de São Vicente), na cerimónia de institucionalização da Região da Macaronésia, iniciativa do primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, e de imediato apoiada por Portugal e Espanha e pelos executivos dos Açores, Madeira e Canárias.
“Estes dois anos, entre esta cimeira e a próxima, é que vão ditar se este é o caminho. A próxima cimeira já não será no campo das intenções mas na concretização de projetos. Há um estímulo que parte daqui e cabe agora a cada um encontrar as parcerias que pareçam mais adequadas”, disse à Lusa Francisco Fernandes.
“No caso da Madeira já tivemos contactos institucionais nas áreas da Educação, Formação Profissional, Hotelaria e Turismo. Vamos desenvolver projetos semelhantes aos que já temos na Madeira, para que Cabo Verde possa aproveitar a nossa experiência e ‘know-how’”, acrescentou.
Para Francisco Fernandes, a insularidade e o mar, que (as autoridades de) “os continentes acabarão por ter de reconhecer e valorizar”, nomeadamente com o alargamento da plataforma marítima com a expansão da Zona Económica Exclusiva (ZEE), são áreas de potencial cooperação entre os quatro arquipélagos.
“No caso de Portugal, o que se prevê é transformar a ZEE numa área 14 vezes maior que o espaço territorial nacional. O futuro será mais promissor para quem tiver mar e água”, sublinhou.
Por seu lado, Rodrigo Oliveira salientou que a nova organização vai permitir “potenciar sinergias”, de forma a dar corpo a um consenso político hoje reiterado em relação a uma maior dinâmica de atuação nesta região do Atlântico.
“É um primeiro impulso político e o grande desafio é concretizá-lo. O mais fácil, mas também essencial, é a proclamação política da importância da Macaronésia, dos nossos próprios arquipélagos. Temos agora todo um trabalho de identificação de áreas de cooperação, de projetos comuns, de problemáticas, mas, acima de tudo, de oportunidades que possam potenciar as sinergias”, sustentou à Lusa.
Tanto Rodrigo Oliveira como Francisco Fernandes realçaram a existência de uma relação bilateral “muito forte” com Cabo Verde, sobretudo desde 2007, ano em que foi assinada a Parceria Especial entre o arquipélago e a União Europeia (UE), tendo ainda em conta que Açores, Madeira e Canárias são regiões ultraperiféricas dos “27”.