O programa, intitulado SAPc — Sistema de Alerta para o pithomyces chartarum, foi desenvolvido pelo Centro Internacional de Investigação para o Atlântico (Air Centre), pelo Parque de Ciência e Tecnologia da ilha Terceira (Terinov) e pela União das Cooperativas de Laticínios Terceirense (Unicol).
O pithomyces chartarum é um fungo que se desenvolve em camadas mortas das pastagens e provoca uma intoxicação conhecida por eczema facial.
Em declarações à agência Lusa, o diretor de tecnologia do Air Centre, Pedro Silva, avança que o sistema “pioneiro” começou a ser desenvolvido “há um ano”, após uma reunião com o Governo dos Açores, onde o fungo Pithomyces chartarum foi identificado como “um dos problemas graves que afetam” a produção agrícola.
“Este problema, este fungo, foi identificado já há muitos anos aqui nos Açores. É um problema que já é conhecido pela comunidade científica e que, embora ainda exista muito por compreender e por estudar, causa enormes prejuízos”, declarou.
O sistema é baseado em sensores que são instalados nas pastagens e que emitem um alerta quando algo “anormal” é registado.
“O sistema tem uma componente de deteção de temperatura e humidade. Se a humidade for superior a 90% e a temperatura superior a 16 graus durante mais de 72 horas consecutivas, é lançado um alerta. Este alerta pode ser consultado no site e também na aplicação do telemóvel”, explica Pedro Silva.
Este alerta, acrescenta, é “validado mais tarde” pelo Laboratório Regional de Veterinária, que vai ao local recolher amostras para “confirmar se existe o fungo”, sendo que os resultados das análises são introduzidos no sistema.
“O agricultor com base nesta informação e nestes alertas pode decidir proteger os animais através de uma mistura que fazem de zinco na ração ou mesmo através de cápsulas de zinco. O zinco vai proteger os animais”, assinala.
O sistema tem como “objetivo” apoiar os agricultores, porque aquele fungo comporta uma “perda muito grande na produção de leite” e causa “sofrimento” aos animais.
Atualmente, o sistema já está em funcionamento em oito pastagens da ilha Terceira, mas o objetivo é abranger os “mais de 300 setores” (cada um com cerca de um quilómetro) que foram identificados naquela ilha e estender o programa para outras ilhas açorianas.
“O nosso objetivo é atingir todos estes setores aqui na Terceira e em São Miguel fazer a mesma coisa. Pelo menos essas duas ilhas são essenciais. Depois, claro, gostaríamos também de ter a funcionar em São Jorge, por exemplo”, assinala.
Para o futuro, o diretor de tecnologia do Air Centre disse querer expandir o sistema, colocando “estrategicamente sensores” em várias zonas da ilha e “complementar a informação” com imagens via satélite, para “cruzar informação” e dar “apoio na tomada de decisão dos agricultores”.
Lusa