O responsável pelo Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores sublinha que, de acordo com os dados disponibilizados, os sismos sentidos pela população “são menores”, mas “mantêm-se com as mesmas características tectónicas, a oeste do Faial, entre 25 a 30 quilómetros”.
A Rede Sísmica do Arquipélago dos Açores tem vindo a registar desde novembro centenas de sismos, alguns dos quais sentidos pela população, numa zona localizada aproximadamente entre os 25 e os 30 quilómetros a oeste da freguesia de Capelo, na ilha do Faial.
O especialista declara que “se pode considerar que há uma atenuação da crise”, sendo, contudo, “imprevisível saber quando esta poderá terminar”, embora “se possa dizer que deve estar próxima do fim”.
Para Victor Hugo Forjaz, esta crise sísmica “é o prenuncio de uma situação eruptiva daqui a uns anos”, devendo os sismos “mudar de características”.
O vulcanólogo Victor Hugo Forjaz já havia referido à Lusa que uma nova ilha poderá surgir nos Açores na sequência de “movimentos ascendentes” que se têm vindo a registar no mar.
“Pelo tipo de sismo, pela cadência, pela periodicidade, pela energia Richter e repercussões nas ilhas vizinhas, que são Faial e São Jorge e, por vezes, Pico, suspeita-se que há movimentos ascendentes no fundo do mar, sendo a evolução natural o aparecimento de uma ilha”, declarou.
O vulcanólogo refere que se têm vindo a registar “crises sucessivas”, ao longo dos anos, no arquipélago, com “intervalos de dois anos”, e o surgimento de uma nova ilha “não é nada de extraordinário porque as ilhas são ativas e condensam movimentos tectónicos, seguidos de vulcânicos”.
Para o antigo docente da Universidade dos Açores, o fenómeno seria “melhor seguido” com um levantamento batimétrico e com recurso a um ROV, um veículo submarino operado de forma remota, visando apurar se há fissuras, deslocamentos e alterações topográficas.
Segundo Victor Hugo Forjaz, a Marinha Portuguesa “já deveria ter feito um levantamento no sentido de se perceber melhor os movimentos do fundo do mar naquela zona”, sublinhando que “não há perigo de maior” para a ilha do Faial, uma vez que a zona fica “bastante afastada, cerca de 25 a 30 quilómetros”.
Lusa