“Os CTT estão a contratar um operador para regularizar a operação, que começará a transportar correio em agosto”, disse hoje à Lusa o diretor de Comunicação e Sustentabilidade dos CTT, Miguel Salema Garção, quando questionado sobre se a empresa ponderava fretar um cargueiro para colmatar os atrasos nas entregas.
O anúncio surge depois de o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT) ter hoje afirmado que os CTT “aproveitaram a pandemia para reduzir custos” ao “não fretarem cargueiros aéreos” e por “não terem ao serviço o número de trabalhadores necessários”, causando atrasos nas entregas na região.
No documento que o sindicato fez chegar à Lusa, é denunciado que “o transporte do correio por via marítima e a não utilização de cargueiros aéreos, como era obrigação dos CTT”, tem sido “prejudicial em termos da rapidez da entrega do correio” e tem provocado “distúrbios no sistema de distribuição”.
Miguel Salema Garção lembrou que, em junho, as ligações aéreas tiveram “um défice de capacidade face às necessidades de mais de 40% para a Madeira e para os Açores (além das ligações nos fluxos inter-ilhas)”.
“É esta falta de capacidade que, à falta de alternativas, tem obrigado os CTT a desviar tráfego para a via marítima. Como consequência, o tráfego que normalmente chegaria várias vezes por semana nas dezenas de voos comerciais de passageiros, passa a chegar por navio uma vez por semana, sobrecarregando nesse momento as equipas de distribuição”, prosseguiu.
O sindicato denuncia, ainda, que “a gestão dos CTT tem vindo a não ter ao serviço o número de trabalhadores necessários à correta execução do trabalho a fazer, o que está a provocar a exaustão dos trabalhadores, poucos, que restam”.
Esta estrutura estima que faltem, em todo o arquipélago, “mais de 25 carteiros na distribuição”, já que há zonas em que há “um carteiro a fazer a distribuição, em dias alternados, de dois, e por vezes mais, giros” e, “pelo menos, dez técnicos nos balcões das estações de correio”.
Sobre esta matéria, os CTT referem que “têm vindo a ajustar os recursos humanos em face do tráfego médio semanal, sobre o qual se tem verificado uma melhoria a partir de meados do 2.º trimestre”.
A empresa menciona ainda que “os picos de trabalho ocorrem pelo facto de, via marítima, chegarem grandes quantidades de correio ao mesmo tempo” e que tem “procurado, como sempre, alinhar as necessidades de recursos humanos ao tráfego existente visando a maximização da qualidade do serviço, ainda que fortemente condicionada pelas limitações e transporte aéreo”.
O responsável garantiu que a empresa está “a fazer os esforços necessários para que se verifiquem melhorias nas próximas semanas, quer com o aumento de voos a partir de Lisboa, quer com o aumento de voos dentro da Região Autónoma dos Açores”.
Lusa