Os Açores, acredita o músico de Leiria, “são muito interessados em música portuguesa” e “em ter artistas portugueses sempre a rodar” nas festas e eventos culturais.
“O que é certo é que ao longo de todos estes anos que faço música, volto recorrentemente, todos os anos, religiosamente, a uma ilha dos Açores”, sublinha, em entrevista concedida horas antes de entrar em palco nas festas de São João da Vila, em Vila Franca do Campo.
A completar 20 anos de carreira, iniciada com o disco de estreia dos Silence 4, Fonseca assume querer distanciar-se da ideia de ser um “baladeiro à guitarra”, valorizando o lado mais festivo, de entretenimento, que atravessa a maior fatia do seu repertório tocado ao vivo.
“A última coisa que me estava a ver era passar o resto da vida a subir ao palco e cantar coisas que as pessoas têm de ouvir sentadas, que não se podem manifestar, só ouvir e receber as canções de forma lenta. Acho que a música deve ser uma coisa diferente”, conta.
Melómano convicto, David Fonseca diz lidar bem com a atual época de consumo musical, virado para plataformas de ‘streaming’ e menos centrada na venda de discos.
Assumindo ter agora “mais liberdade” para conceber álbuns, porque estes são consumidos por “pessoas que efetivamente querem ouvir um disco todo, na sua íntegra”, o músico reconhece que “antes arriscava mais na compra de discos”, risco esse agora trocado pela “audição” de bandas e projetos.
“Gosto muito de ouvir a música como ela é ouvida hoje. Gosto dos objetos, do vinil, mas por exemplo hoje [sexta-feira] saiu o disco novo dos Best Youth, e a ideia de o poder ouvir logo que acabe o ensaio de som [para o concerto dessa noite] é muito atrativa para mim”, assinala.
A digressão de “Radio Gemini”, sétimo disco de originais a solo de David Fonseca, segue verão fora.
Lusa