“O centro de radioterapia dos Açores está localizado em S. Miguel, porque foi assim decidido em 2007 por parte do Governo Regional”, frisou, após uma audição na Comissão Eventual de Inquérito à Atividade da secretaria regional da Saúde e entidades públicas empresariais sob sua tutela.
Na altura, o plano funcional do Hospital da Ilha Terceira já incluía uma unidade de radioterapia, mas segundo Miguel Correia essa unidade só deverá entrar em funcionamento “no futuro, quando se justificar”.
Para a oposição, o Governo deveria instalar os equipamentos necessários na unidade já existente, que terá custado 1,5 milhões de euros, em vez de construir uma infraestrutura de raiz, através de um Projeto de Interesse Regional (PIR), orçado em cerca de 5 milhões de euros.
O secretário da Saúde alegou, no entanto, que apesar de política a decisão é “devidamente caucionada do ponto de vista técnico”, não só em termos logísticos, tendo em conta que S. Miguel é a ilha que tem mais população, mas também com base num relatório sobre o desenvolvimento estratégico para a radioterapia em Portugal, da Coordenação Nacional das Doenças Oncológicas.
De acordo com Miguel Correia, o documento indica que o centro de radioterapia deve ser instalado em Ponta Delgada e que o mesmo deve ter dois aceleradores lineares, sendo que inicialmente será montado apenas um.
O secretário admitiu “pensar se valerá a pena instalar esse segundo acelerador em Ponta Delgada ou se valerá a pena instalá-lo na ilha Terceira”, num prazo de quatro a cinco anos após a entrada em funcionamento do primeiro.
Miguel Correia salientou ainda que não existe interesse por parte dos privados em instalar uma unidade de radioterapia na ilha Terceira, como acontece em S. Miguel, mas a oposição discordou do secretário.
Questionado sobre o processo de informatização do Sistema Regional de Saúde, o governante revelou que está a ser preparada uma “ação judicial” para rever o dinheiro entregue à empresa espanhola INDRA, que não forneceu o serviço com a qualidade exigida pela tutela.
Segundo Miguel Correia, foram pagos 2,2 milhões de euros à empresa, sendo que o restante montante dos 6,6 milhões já gastos foi investido em ‘hardware’ e ‘data center’.
Quanto às multas aplicadas pelo atraso no fornecimento do serviço, o secretário disse não ter conhecimento de terem sido pagas pela INDRA.
A oposição criticou as sucessivas prorrogações dos prazos previstos, por um período de 33 meses, o que o secretário justificou com o facto de se tratar de “uma solução informática bastante ambiciosa”.
Lusa