Vendidas na Internet ou em lojas de desporto, as pulseiras holográficas têm cada vez mais formatos: finas, largas, adesivos, pendentes ou cartões, entre 9,90 e 39,90 euros. Recorrem a uma linguagem pseudo-científica para ganhar adeptos. Reclamam-se capazes de estimular energia, equilíbrio, força e flexibilidade e a estratégia factura.
“Produtos milagrosos” como tantos outros
A publicidade a estas pulseiras mistura afirmações correctas com outras sem fundamento. O corpo humano corresponde a um conjunto complexo de processos electroquímicos gerador de energia, tal como afirmam. Mas não existe evidência científica de que as pulseiras melhorem “as funções metabólicas celulares” ou sejam “estimuladores naturais de energia”.
Como argumento decisivo, são apresentados testemunhos de clientes que exaltam os benefícios ou se deixam fotografar com as pulseiras, para transmitir confiança num artigo com preço elevado.
Todos estes elementos caracterizam aquilo que designamos por “produto milagroso”: materiais, substâncias, alimentos, cosméticos ou aparelhos que prometem, com base em afirmações não provadas, efeitos benéficos na saúde. Podem dizer-se eficazes em todo o tipo de transtornos e doenças, mas, na maioria dos casos, limitam-se a promessas sobre circunstâncias que dependem de uma percepção subjectiva, como a força, resistência, elasticidade, equilíbrio, energia, vigor ou humor.
Superpoderes só na publicidade
A marca mais conhecida é a Power Balance, mas não é a única e conta com muitas imitações. Aliás, estas pulseiras parecem um revivalismo das electromagnéticas, que tanta popularidade alcançaram há alguns anos.
A diferença reside num holograma, que, segundo anunciam, concentra “as frequências da Natureza”. Trata-se de uma afirmação sem sentido. A holografia é uma técnica fotográfica que recria imagens tridimensionais. Não gera nem tem capacidade para armazenar “frequências”, conceito físico-matemático que mede o número de repetições de um fenómeno numa determinada unidade de tempo. Não importa: o objectivo é convencer sobre a eficácia do produto.
Alguns consumidores podem até sentir um efeito benéfico ao usar a pulseira holográfica. O poder da mente para mudar a percepção de um fenómeno com base na predisposição é surpreendente: esse, sim, está cientificamente provado. Mas o preço é demasiado elevado para um produto que não passa de um placebo. “Não desperdice o seu dinheiro”, alerta a Deco.
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