O deputado único do Chega na Assembleia Regional dos Açores, José Pacheco, disse hoje que ainda está em “negociações” com o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) salientando que é sua a “última palavra” sobre o apoio ao executivo.
“A última palavra há de ser minha. Estamos em conversações. Até sexta-feira vamos amadurecer isso tudo. Satisfeito [com o Governo Regional], eu não ando”, declarou José Pacheco à agência Lusa.
José Pacheco disse não estar “satisfeito” com o rumo da governação nos Açores devido ao número de beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI) na região, aos níveis de endividamento da companhia aérea SATA e ao tamanho do executivo açoriano.
“Na sexta-feira de manhã, vou fazer uma conferência para falar sobre isso tudo”, acrescentou, referindo, contudo, que está “solidário” com o líder nacional do partido, André Ventura.
A Direção Nacional do Chega pediu hoje ao Chega Açores para retirar o apoio ao Governo regional, acabando com o acordo de incidência parlamentar, anunciou o líder do partido, André Ventura, no parlamento.
Em conferência de imprensa, André Ventura justificou a retirada de apoio ao Governo açoriano com a postura manifestada reiteradamente pelo líder do PSD, Rui Rio, de rejeitar acordos pós-eleitorais com o Chega.
O Chega “retirar-se-á, segundo sugestão da Direção Nacional, do Governo Regional dos Açores, do seu apoio de quadro parlamentar, que neste momento existe na região autónoma”, disse.
A Assembleia Legislativa dos Açores é composta por 57 deputados, sendo que, na atual legislatura, 25 são do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do Chega, dois do PPM, dois do BE, uma da Iniciativa Liberal e um do PAN.
Nos Açores, PSD, CDS-PP e PPM, que juntos representam 26 deputados, assinaram um acordo de governação.
A coligação assinou ainda um acordo de incidência parlamentar com o Chega e o PSD um acordo de incidência parlamentar com a IL, alcançando assim os 29 deputados necessários para a maioria absoluta.
O acordo feito com o Chega no início da legislatura do atual Governo Regional açoriano incluía um segundo deputado eleito por aquele partido, sendo que o eleito regional perdeu, em julho, a confiança política do líder nacional, passando a deputado independente.
Após perder a confiança do partido, o deputado Carlos Furtado manifestou intenção de manter os compromissos assumidos no acordo de incidência parlamentar.
A Assembleia Legislativa Regional dos Açores começa na segunda-feira o debate sobre o Plano e Orçamento do Governo para 2022.
O deputado da Iniciativa Liberal (IL) no parlamento dos Açores, Nuno Barata, afirmou a 05 de novembro que a proposta de Orçamento da região para 2022 é “bem melhor” do que anteproposta, mas alertou para os “gravíssimos problemas” do documento.
Em declarações à agência Lusa o liberal, que ameaçou votar contra os documentos caso não fosse reduzido o nível endividamento previsto nas antepropostas, destacou que o seu sentido de voto não estava fechado.
“A minha posição está consolidada. Não vou dizer que está fechada. Esta proposta que foi apresentada é bem melhor do que a anteproposta. No entanto, encerra ainda gravíssimos problemas. Cabe à maioria parlamentar resolver esses problemas”, declarou.
Barata disse ter “muito pena” que o Governo tenha feito “orelhas moucas” aos “avisos” da IL e voltou a insistir na necessidade de reduzir o endividamento da região.
Lusa