Paulo Estêvão reagiu às declarações de José Manuel Silva, que o acusou de envergonhar os corvinos e “faltar ao respeito” ao Presidente da República.
O deputado único do PPM no parlamento dos Açores repudiou hoje “o carácter xenófobo” das declarações do presidente da Câmara Municipal do Corvo, admitindo processar o autarca socialista da mais pequena ilha açoriana.
“São declarações muito graves e afirmações claramente insultuosas”, afirmou Paulo Estêvão, deputado eleito pelo Corvo, em declarações à agência Lusa, depois de o presidente do município, José Manuel Silva, ter acusado o deputado do PPM de envergonhar os corvinos e “faltar ao respeito” ao Presidente da República.
“Depois da imagem passada do Corvo para o exterior da visita do Presidente da República, ele envergonha-nos, porque é a única voz que fala mal da forma como os corvinos receberam o Presidente da República e da forma como o Presidente da República se comportou”, afirmou à Lusa o autarca socialista, na quinta-feira.
Este ano, e pela primeira vez, a mensagem de Ano Novo do Presidente da República foi transmitida a partir do Corvo, a ilha mais pequena do arquipélago dos Açores, onde Marcelo Rebelo de Sousa fez a sua passagem de ano, com os habitantes da ilha açoriana.
Na altura, em comunicado, o deputado do Partido Popular Monárquico (PPM) acusou o chefe de Estado de se deixar instrumentalizar pelos interesses do PS dos Açores, considerando um “fracasso monumental” o jantar da passagem de ano no Corvo, já que “não estiveram presentes mais de seis dezenas de residentes na ilha do Corvo”, quando a “população que soma mais de 430 pessoas”.
Em reacção, o autarca do Corvo acusou na quinta-feira o deputado do PPM de ter ido “longe demais” e de ter faltado à verdade. Hoje, Paulo Estêvão disse que se sente “injuriado e ofendido”, acrescentando que vai falar com os seus advogados com vista a um eventual processo contra o autarca.
Numa resposta enviada hoje à Lusa, o deputado sustenta que o autarca do Corvo utilizou a “única arma que, na falta de uma preparação minimamente adequada para o cargo que desempenha, consegue desenvolver com alguma desenvoltura: o insulto pessoal e as alusões de carácter xenófobo, conteúdos de fácil aprendizagem e que já triunfavam na Idade da Pedra Lascada e que os fascistas contemporâneos exercitam com igual mestria”.
Para Paulo Estêvão, o autarca colou-se “que nem uma lapa à figura do Presidente da República, protagonizando mesmo empurrões e bruscos encostos de ombro para defender o seu lugar de residente sombra junto do chefe de Estado”.
O deputado do PPM lamentou que o presidente da Câmara do Corvo tenha afirmado que o monárquico não é corvino, sublinhando que escolheu “há quase 20 anos” viver na mais pequena ilha açoriana, embora tenha nascido em Serpa.
“Não admito que nenhum xenófobo da idade das cavernas me tente retirar um milímetro dos meus direitos políticos e cívicos com base no meu lugar de nascimento, da minha cor da pele ou da minha religião”, apontou o deputado na nota, lembrando que foi eleito três vezes pela população do Corvo para o parlamento regional.
No entender de Paulo Estêvão, o que envergonha alguns corvinos é “impreparação” do autarca para o cargo e “o facto de calar os problemas que a ilha enfrenta perante o poder socialista”.
Contactado pela Lusa, o autarca do Corvo referiu não ter nada a acrescentar em relação à visita do Presidente da República. “O que disse está dito e voltaria a repetir, porque foi esse o sentimento dos corvinos. E não alimento mais esta telenovela”, sustentou José Manuel Silva.
Lusa