O deputado do PSD/Açores João Bruto da Costa criticou, esta terça-feira, a ação do executivo socialista no combate à pobreza, com o presidente do Governo Regional a comparar as declarações do parlamentar com o partido Chega.
Numa intervenção particularmente crítica em plenário do parlamento dos Açores, Bruto da Costa abordou dados hoje revelados do Instituto Nacional de Estatística (INE), que indicam, por exemplo, que os Açores são a região do país em que uma maior percentagem da população (13,1%) vive em “privação material”.
“Este poder socialista criou uma rede de dependência económica e social sem paralelo na União Europeia. (…) O PS não quer que os açorianos tenham autonomia de vida, não quer que os açorianos tenham poder económico e não quer que os açorianos deixem de precisar de andar de mão estendida à espera de um subsídio, à espera de um emprego de favor, à espera de um apoio para enfrentar o dia-a-dia de pobreza e exclusão social”, considerou o social-democrata.
Este é o executivo “que deixa nos Açores uma marca de pobreza que consagra em pleno a forma de exercício de poder dos regimes socialistas”, acrescentou o vice-presidente da bancada do PSD no parlamento regional.
Bruto da Costa frisou ainda que “onde manda um socialista, há pobreza e dependência do poder, onde manda um socialista, há desigualdades e exclusão social, onde manda um socialista, não há desenvolvimento humano, não há mobilidade social, não há progresso e criação de riqueza”.
As palavras de João Bruto da Costa motivaram reações em três frentes: do vice-presidente da bancada socialista José San-Bento, da secretária com a tutela da Solidariedade Social, Andreia Cardoso, e do próprio chefe do executivo dos Açores, Vasco Cordeiro.
“Julgo que não é possível ficar calado quanto à forma extremista, radical, com que o senhor deputado caracterizou a realidade social na nossa região”, começou por dizer o presidente do Governo Regional.
Caracterizando a “forma” das declarações do deputado do PSD como “particularmente infeliz” e “sectária”, Vasco Cordeiro acusou Bruto da Costa de “há algum tempo a esta parte” parecer “vir a fazer um caminho progressivo, lento mas gradual, de se afirmar” nos Açores “como uma encarnação do Chega, dando azo a um tipo de discurso que não é habitual”.
No que à discussão política diz respeito, o presidente do executivo regional trouxe a debate declarações recentes do candidato a presidente do PSD/Açores José Manuel Bolieiro, que declarou à agência Lusa que, em matéria de sem-abrigo, a situação em Ponta Delgada (município a que preside) não é “caótica” e “há mais um exercício de mendicidade por opção”.
“Isto não é um exercício de social-democracia”, considerou Vasco Cordeiro.
Na sua intervenção inicial neste ponto do debate do Plano e Orçamento para 2020, a secretária regional da Solidariedade Social realçou que as prioridades para 2020 “foram estabelecidas em conjunto com as IPSS e misericórdias dos Açores, em resultado de um processo de diálogo que culminou com a assinatura do Acordo Base para o biénio 2019-2020”
“Na Solidariedade Social, com uma dotação de 45,5 milhões de euros, estamos comprometidos e motivados para continuar a trabalhar em parceria, com todas as IPSS e Misericórdias, mas também com os demais departamentos do Governo, autarquias e demais entidades com intervenção pública, na implementação de políticas próximas das pessoas e das famílias”, declarou Andreia Cardoso.
O parlamento dos Açores iniciou hoje o debate em plenário do Plano e Orçamento para 2020.
Lusa