O deputado independente Carlos Furtado revelou hoje que está a ponderar a continuidade do apoio ao governo açoriano, acusando o PPM, que integra o executivo, de “rasgar” o acordo parlamentar devido ao orçamento da Assembleia Regional.
Num comunicado, o deputado independente afirma que o acordo de incidência parlamentar assinado com os partidos do executivo (PSD, CDS-PP e PPM) está “ferido de morte”, devido às críticas que recebeu do líder monárquico Paulo Estêvão durante a discussão do orçamento do parlamento açoriano.
Sem o apoio do deputado independente, o Governo dos Açores não tem a maioria na Assembleia Legislativa Regional.
“Carlos Furtado entende que o assunto vai merecer a sua reflexão e só estará disponível a discutir a continuação do seu apoio à atual solução governativa com JMB [José Manuel Bolieiro]”, lê-se no comunicado.
Na sexta-feira, o orçamento da Assembleia Legislativa foi aprovado durante o plenário com os votos favoráveis de todas a as bancadas, à exceção de Carlos Furtado, que votou contra.
O independente reconhece que foi visado por “vários parlamentares”, mas considera que a “crítica mais estranha” foi “deputado eleito pela ilha do Corvo”, o líder do PPM, que o acusou de “populista e demagogo”.
Carlos Furtado lembra que, no acordo de incidência parlamentar que suporta o Governo Regional, liderado por José Manuel Bolieiro, está prevista uma “redução do número de deputados” no parlamento açoriano.
O parlamentar diz não estar “surpreendido com a posição de Paulo Estevão que tem assumido, ao longo desta legislatura, uma injustificada sede de protagonismo e poder, mostrada nas exigências governativas desproporcionais aos resultados eleitorais do PPM”.
O deputado, que foi eleito em outubro de 2020 pelo Chega, mas que se tornou independente em julho de 2021, realça que “não tem sido dada a devida importância aos 2.960 eleitores” que o elegeram.
O Governo Regional depende do apoio dos partidos que integram o executivo, da IL, do Chega e do deputado independente.
A Assembleia Legislativa dos Açores é composta por 57 deputados e, na atual legislatura, 25 são do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do PPM, dois do BE, um da Iniciativa Liberal, um do PAN, um do Chega e um deputado independente (eleito pelo Chega).
O parlamento dos Açores prevê gastar em 2023 mais de 14,3 milhões de euros, o valor mais elevado de sempre neste órgão e que representa mais 1,7 milhões de euros do que o orçamento inicial deste ano.
Quando passou a independente, Carlos Furtado, garantiu “todo o apoio necessário” ao Governo dos Açores, recusando a elaboração de um novo acordo de incidência parlamentar apesar de se ter desvinculado do Chega.
“Transmiti ao presidente do Governo Regional que terá, da minha parte, todo o apoio necessário. Os documentos assinados, os compromissos de honra efetuados no final de 2021, aquando da instalação da Assembleia Regional, serão os compromissos que serão mantidos”, disse então Furtado.
Lusa